ESQUINA DOS AMIGOS – Violante Pimentel

Venâncio e Zélia começaram a vida de casados em Natal, abrindo uma pequena cantina, na parte inferior do sobrado de esquina, onde passaram a residir. A rua era calma e o bairro, um dos melhores da cidade. O casal teve dois filhos. Na cantina, eram vendidos produtos simples, como manteiga, óleo, biscoitos, chocolates, refrigerante […]
A ASSOMBRAÇÃO – Violante Pimentel

Anos atrás, Mariana, uma moça que fazia serviços domésticos na casa de Dona Lia, em Nova-Cruz, era muito medrosa. Cheia de pantim, tinha medo do escuro e de almas penadas. Nessa época, na cidade não havia luz elétrica. A casa era iluminada com candeeiros e lamparinas, a querosene. Ainda não havia fogão a gás, e […]
O GÁS – Violante Pimentel

Historicamente, o querosene foi o primeiro derivado do petróleo de valor comercial, que substituiu o azeite e o óleo de baleia na iluminação. Os usos mais comuns do querosene são na iluminação, o solvente e como combustível para aviões. No interior nordestino, o querosene também é chamado de gás. O imortal compositor Luiz Gonzaga compôs um coco com o título “Derramaro o […]
O SONHO – Violante Pimentel

Em toda cidade do interior nordestino, sempre houve pessoas engraçadas ou esquisitas, que, com o tempo, passavam a fazer parte do folclore local. Eram bêbados de cana dormida, homens e mulheres viciados no jogo do bicho, cornos mansos e convencidos, para os quais as esposas eram umas santas, “mulheres da vida”, que não aguentavam […]
A REDE – Violante Pimentel

A REDE – Décadas atrás, Dr. Calvino, um conceituado dentista de uma cidade do interior nordestino, resolveu se mudar para Natal, com esposa e filho. Queria que o menino estudasse no Colégio Salesiano. Feita a mudança, a família foi morar em uma excelente casa, num bairro nobre de Natal. Para trabalhar, o dentista alugou duas […]
CASTANHINHA – Violante Pimentel

Anos atrás, numa cidade do interior nordestino, Margarida, empregada doméstica na casa de Dona Zélia, apareceu grávida. A patroa, solteirona juramentada e muito católica, ao ver a moça enjoada e com o ventre ligeiramente crescido, perguntou e obteve a confissão da gravidez. O autor da faceta era o namorado Josimar, conhecido por Castanhinha. Dona […]
O VIZINHO – Violante Pimentel

Anos atrás, em Natal (RN), Marisé, uma dona de casa exemplar, logo que acordou, falou para Zildo, seu marido, que não havia carne para o almoço. Na véspera, ele esquecera de comprar. Depois do café da manhã, Zildo se dirigiu ao mercado, já arrumado para entrar no trabalho às 8 horas. Disse à esposa […]
A DESAPARECIDA – Violante Pimentel

Décadas atrás, numa quarta-feira, o casal Nelson e Marina, residente em Natal, passou um grande susto. Ao voltar do trabalho no final da tarde, a casa estava às escuras e sem nada preparado para o jantar. Como de costume, Marina tinha deixado com a empregada Josefa o dinheiro do pão, e recomendado o que deveria […]
A DIRETORA – Violante Pimentel

Esse caso aconteceu numa cidade do interior nordestino, há várias décadas. Dona Malva, uma severa diretora de uma Escola particular, começou a ficar preocupada com a evasão de alunas adolescentes, durante o ano letivo. Quando a evasão atingiu o número de vinte alunas, a diretora enviou uma correspondência aos seus pais ou responsáveis, convidando-os para […]
A DENTADURA – Violante Pimentel

Gonçala e Matilde, duas irmãs solteironas, que moravam na mesma casa, em Natal, eram mal- humoradas e se agrediam muito. As duas já tinham dobrado o “cabo da boa esperança”, e estavam na casa dos setenta anos. À medida que o tempo ia passando e elas envelheciam, mais aumentava a mútua intolerância. Mas, no fundo […]
SAUDAÇÃO JUNINA – Violante Pimentel

Seu Francisco, dono de uma sortida venda em Nova-Cruz, também chamada de “Armazém de Secos e Molhados”, era muito sério e não gostava de piadas. Muito religioso, em casa não admitia que os cinco filhos falassem palavras chulas nem arengassem, principalmente nas horas de refeições. A bem da verdade, gostava que todos comessem em silêncio. […]
A DAMA – Violante Pimentel

Há várias décadas, Marilu era dona de uma famosa casa “suspeita” em Natal. Apesar da discriminada profissão, era uma mulher de respeito, educada e discreta. Destacava-se pela beleza e fidalguia. Apresentava-se como empresária da noite. Mas, na realidade, era uma empresária do sexo. Autodidata, Marilu gostava de ler e estava sempre atualizada com a situação […]
LOURINHO – Violante Pimentel

Padre Honório gostava muito de animais. Dizia sempre que eles, quando bem tratados, eram mais dóceis do que os humanos. Só atacavam para se defender. Para ele, era difícil aturar pessoas inconvenientes, ignorantes e tagarelas. O sacristão da Igreja, da qual era o vigário, tinha sido dispensado por contrariar suas ordens, ter o raciocínio lento […]
O FORRÓ – Violante Pimentel

Na etimologia popular, a origem da palavra “forró” está associada à expressão da língua inglesa “for all” (para todos). Para essa versão, conta-se que no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco, para construir a ferrovia Great Western, sempre promoviam bailes abertos ao público, ou seja “para todos”. O termo passou […]
BURRA COM QUATRO ERRES – Violante Pimentel

O cuscuz de milho, iguaria que faz parte da mesa nordestina, inclusive, no café da manhã dos melhores hotéis, foi trazido para o Brasil, durante a colonização dos portugueses, no século XV. Inicialmente, era uma comida destinada às famílias pobres e aos escravos. A produção do fubá de milho era feita de forma artesanal. Depois […]
A INTERNA – Violante Pimentel

Dona Seráfica, antiga professora de Inglês de um Colégio de freiras, em uma cidade do interior nordestino, era muito querida pelas alunas, inclusive as internas. Nessa época, o internato era visto como uma espécie de castigo, a que os pais ricos submetiam as filhas insubordinadas. Geralmente, a história de cada aluna interna estava relacionada a […]
A IDADE CAPRICHOSA – Violante Pimentel

Nada mais chocante para uma mulher do que a realidade inexorável do tempo. É quando ela se olha no espelho e tem que aceitar que “já não tem 35 anos”. Não existe maior desilusão do que essa. Umas tentam “amarrar” a idade, querendo competir com as jovens, na maneira de se vestir. Outras travam uma […]
A VIÚVA – Violante Pimentel

A VIÚVA – A viúva Doralice era uma mulher pobre e bonita, de trinta e oito anos. Morava com os cinco filhos menores numa casa simples, na periferia de Natal. Todas as noites, esperava que os filhos adormecessem, para sair de casa. Só voltava quando o dia já estava quase amanhecendo. Mais de uma vez, […]
A COMPREENSÃO – Violante Pimentel

Um antigo médico de Natal, certa noite, estava de plantão em um hospital público e, casualmente, passou pelo corredor. Deparou-se, então, com um paciente, que tinha saído da enfermaria e estava sentado em um batente, falando sozinho. O simpático médico perguntou ao interno: – Perdeu o sono, amigo? Por que não está em seu leito, […]
O FREGUÊS – Violante Pimentel

Tributino, 40 anos, era um tipo bonitão, bem parecido e com uma lábia impressionante. Namorava muito, mas não se ligava a nenhuma mulher. Muito falante e educado, não perdia oportunidade de aplicar golpes em pessoas conhecidas e desconhecidas. Vivia de biscates, e de bajular políticos. Em Nova-Cruz, anos atrás, enganava a Deus e ao mundo. […]