ADAUTO CARVALHO

Adauto José de Carvalho Filho

E agora José?

Estou arruinado! Acho que essa revelação feita por José Dirceu, não sei em que contexto, girou o circuito das redes sociais em minutos.

O que houve?

A festa acabou, o povo sumiu, está sem nome? Não há julgamento mais justo do que o da história. Alguns são reconhecidos depois de mortos, outros em vida. Alguns pelas virtudes, outros pelos defeitos. O populismo nem sempre é festa para todos, por vezes, há pedras no caminho. O poder, além de corromper, não é eterno, mas eternos serão os motivos que ligam os fatos ao nome, invariavelmente.

O que houve?

Está sem discurso, a noite esfriou, o dia não veio, não veio a utopia. A arrogância é o defeito maior do ser humano e quando agregada ao poder se torna uma arma perigosa para a sociedade e para si mesmo. Ninguém suporta a arrogância por muito tempo, mesmo que o poder iluda o arrogante. Ser humano significa ser passível de sentimentos e o arrogante, apesar de humano, se acha acima disso e projeta sua própria e brusca descida.

Cair é uma arte.

As pessoas podem cair e ter amigos para levantar ou cair e ter um país inteiro querendo vê-lo no chão. O arrogante só se dá conta da própria arrogância ao cair sozinho por ter acreditado que o poder era tudo. Talvez o poder nem seja tudo, apenas solidão.

O que houve?

É seu instante de febre, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio e sua queda. A grande depressão do arrogante está na queda, ver no chão os próprios limites de sua vida, do bem que poderia ter feito ao próximo e não fez; do bem que poderia ter feito ao país e não fez; os sonhos destruídos de milhões de pessoas a assombrar seu sono; a bondade que se ausentou quando o poder poderia ser um diferencial de vida para o bem comum e internou-se no amargo e inflado íntimo, que se negou a sociedade, ultrajada, humilhada, roubada.

O que houve?

A chave não abre a porta, não existe porta, não existe um mar para morrer, para deixar cair a escuridão, uma escuridão nascida e esculpida nos lustres dos gabinetes, onde o mal se apoderou das criaturas e as tornaram vítimas do mal que buscaram para si e que chamava de poder e, esqueceu, que todo poder é passageiro e todo império, por mais arrogantes que sejam os imperadores, ruirá.

E ruiu!

O que houve?

Gritar, gemer, morrer, tocar uma valsa vienense para o adeus de si mesmo, enclausurado num mundo onde as aparências e a gula de poder era maior do que a humanidade de espírito, viver dias dourados sem se aperceber do valor do dourado do sol na cabeça dos cidadãos, o verdadeiro valor, o verdadeiro poder, que morreu sem um grito, sem um gemido, por não ter ninguém para ouvir.

O que houve?

Sozinho no escuro, sem o falso endeusamento, preso em paredes nuas e sem cavalo para fingir uma cena de melancólica independência ou atingimento de objetivos pessoais. O homem é e sempre será o que sua história é. Não há variável. Não se engana ninguém, por vezes, o poder emudece, ilude, mas a liberdade será o grande objetivo do homem, da sociedade, da humanidade e você a negou, altivo e arrogante, e não sentiu que o brado dos menores foi maior e o prendeu em uma cela pequena demais para o seu ego.

O que houve?

Compleição derrotada, envelhecimento precoce, a covardia nos pequenos gestos e, como todo arrogante, uma burrice como final. Requerer um habeas corpus preventivo, insistir em um poder que já não lhe pertence, nada mais mostra do que a real face de um homem que não respeita nada além de sua doente grandeza e, tolo, esquece que está se declarando culpado. Quem confia na justiça não teme. Mas nem todos os poderosos tem a humildade da crença. E Agora Jose? Sem cavalo preto que fuga a galope… e fugir para onde José?

A história chegou ao seu triste final.

Adauto José de Carvalho Filho, AFRFB aposentado, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, escritor e Poeta.

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