“VOCÊ É MINIMALISTA?” –

Encontrar com os amigos sempre é gratificante. E quando desse encontro surgem memórias de um passado não muito distante, é animador. Pois bem, o amigo é Roberto Cunha, colega de trabalho na CAIXA quando na ativa. Por circunstâncias diferentes eis que nos encontramos no antigo local de trabalho e, expressadas as alegrias do momento, me indaga: “Você é minimalista?”. Alguns segundos de análise e respondi: “Sou?”.

“É”.

E foi logo relatando a sua certeza a partir de uma observação que fez no passado quando compartilhamos o mesmo ambiente laboral por alguns anos: “Todos esses anos você sempre veio trabalhar de calça preta, meias pretas e sapatos pretos. Só mudava a camisa”. E sem esperar a réplica, arrematou: “Mas, você me disse que eram cinco calças”.

Caímos na risada, e confirmei: se é por isso, então sou mesmo minimalista.

Minimalista?

Uma pessoa minimalista é aquela que simplifica a vida e se concentra no mais importante que é a essência do seu estilo de vida. Isso significa não acumular objetos, organizar a bagunça, descomplicar a rotina. Ter tempo para fazer o que gosta e conviver com pessoas queridas.

“Enquadrado” nesse estilo, pelo amigo Eduardo, confesso que nunca tinha atentado para tal peculiaridade, mas percebo que sempre tive o hábito de questionar a compra de algo a mais, quando não tinha necessidade.

Muitas e muitas vezes entrei numa determinada loja, namorei com esse ou aquele objeto e quando ficava todo animado, a consciência me perguntava: “Tá precisando mesmo disso?”. A esse impulso de consumismo fazer uma reavaliação das prioridades evita as coisas em excesso que, na prática, não somam valor ao seu bem estar.

Bem, se assim me comporto, confesso que nada foi programado ou estudado previamente. Certamente esse estilo natural tenha sido arraigado do berço, pois meus pais sempre foram comedidos para poder adequar os ganhos com os gastos prioritários para criar e educar seus cinco filhos. Afinal nos anos 50 o consumismo desenfreado tinha o cabresto curto, pois cada família sabia muito bem onde o “sapato apertava.”

Sabemos que a denominação minimalismo surgiu como uma expressão artística no início da década de 60 nos Estados Unidos, em oposição à emoção e os excessos do expressionismo abstrato. O movimento utilizava poucos elementos visuais servindo de inspiração para esse novo estilo de vida. Com o documentário ‘Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam’, os autores Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus Atualmente, fizeram a expressão ganhar ainda mais notoriedade depois de mostrar a vida de pessoas que vivem apenas com o essencial. O conceito foi além das artes visuais e ganhou força em outras áreas como a arquitetura, a música e a literatura.

Concluímos que ter uma vida minimalista não diz respeito apenas a ter menos coisas materiais, mas a uma busca pelo que realmente faz sentido.

O que você é hoje te faz feliz? Analise se as coisas com a qual se preocupa merecem toda essa atenção ou se o desgaste acumula ressentimentos.

Veja e reveja se as pessoas com as quais convive te agregam amor, se fazem bem ao seu coração (no sentido de vida).  Se você está priorizando o que é de fato importante ou apenas acumulando desagradáveis momentos, vivendo no automático, seguindo o que a mídia te oferece como “viver a vida” ou ainda seguindo o que os outros te impõe como senso comum.

Afinal, uma vida com menos coisas e mais significado certamente será muito mais rica em alegrias e compartilhamentos com os outros.

A única risca que devemos seguir é compreender e respeitar o estilo de vida de cada um.

Juntemos amor para maximizar o minimalismo do não ter, e sim, valorizar o que a vida nos oferta diariamente: a oportunidade de ser útil.

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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