VIRAMUNDO 93 –

Jorlan Soares era motorista de ambulância e metido a namorador. Nascido em Santa Cruz, cidadezinha no interior do Rio Grande do Norte, veio morar em Natal quando completou 8 anos, junto com os pais.

Menino de comportamento normal, gostava de jogar bola na Praia do Forte e tomar banho no Poço do Dentão, local perigoso por conta dos redemoinhos.

Jorlan estava no Colégio Isabel Gondim, nas Rocas, pertinho de casa, e conhecia quase todos os jogadores de futebol do bairro.

Esperteza e ousadia sempre o acompanhavam e aos 13 anos conheceu Anita e se apaixonou por ela.

Mas Anita, uma moreninha magrinha não gostava muito dele.

Jorlan chorava com o desprezo de Anita e foi se consolar nos braços de Ceicinha, uma galeguinha de pernas grossas e cabelos ondulados.

Mas não deu certo porque ele queria namorar todas as meninas do bairro.

Foi crescendo e a fama de galinheiro o acompanhou até que casou com Angélica, moça bonita, estudante de enfermagem.

Angélica estagiou no Hospital Universitário Onofre Lopes, antigo Hospital das Clinicas e por conta disso arrumou emprego de motorista pra Jorlan, vindo a se casar com ele anos depois.

Tiveram 1 filho, Jorlanzinho, e no período de gravidez da mulher, Jorlan perseguia as colegas de Angélica oferecendo carona e se insinuando pra elas.

– Jorlan deixe de ser safado. Respeite sua mulher, nossa colega.

– O que é que tem? A gente ficar um pouquinho. Você é tão bonita.

– Sou casada. Não quero nada com você.

Jorlan não se importava com esses “foras”. Era uma constante na vida dele. Já estava acostumado.

As enfermeira do Hospital onde ele trabalhava não aceitavam mais carona e ameaçavam contar pra Angélica as aventura do seu marido.

Um dia conheceu uma galega bonita, alta; universitária, elegante, seios grandes e apetitosa.

– Como é seu nome?

– Valdirene.

– Tem algum apelido?

– Não

– Posso chamar você de Didi?

– Pra mim, tudo bem

Com o tempo Jorlan foi cercando Didi até que conseguiu levá-la ao motel Raru’s da Zona Norte.

Fizeram um amor doido, inesquecível e Jorlan ficou com a calcinha de Didi pra se lembrar desse encontro.

– Pra que você quer minha calcinha?

– Pra me lembrar desses momentos com você.

– Não gosto disso. Me devolva, por favor.

– Não.

Didi não quis mais saber de Jorlan.

– Tomei abuso dele.

Mas Jorlan insistia pelas redes sociais, pelo telefone, pelo Whatsapp, por todos os meios mas nunca mais comeu Didi.
– Vou falar pra Angélica que você ficou com minha calcinha.

– Diga, que eu entrego a calcinha pro seu marido.

Ela calou-se e ódio cada vez mais aumentava.

Jorlan era assim mesmo, meio maníaco sexual.

Isistente, chato e provocador.

– Didi, ontem transei com minha mulher pensando em você.

– Engraçado eu nem me lembro de você. Pare de me perturbar.

Como todo perdedor Jorlan fica no pé de Didi até que um dia ela encontrou-se com Angélica e falou.

– Saí outro dia com seu marido e ele ficou com minha calcinha

– Como?

– Seu marido ficou com minha calcinha e fica me perturbando.

– Como é essa calcinha?

– É amarela, pequenininha com a parte da frente ligava a parte de trás com uma fita dourada.

– Ele me deu de presente. Eu não uso mais porque engordei e ela ficou apertada.

– E o que você fez?

– Ia jogar fora mas ele não deixou. Disse que presente não se joga fora e guardou.

Angélica chegou em casa e perguntou?

– Jorlan cadê aquela calcinha amarela que você disse que comprou pra me dar de presente?

Ele ficou surpreso, gaguejou e disse:

– Guardei. Você quer pra que?

– Pra devolver a Valdirene. Encontrei com ela e fiquei sabendo da sua traição.

Jorlan não devolveu a calcinha, brigou com a mulher e parou de encher o saco de Didi; mas de vez em quando envia mensagens pelas redes sociais.

Encontrei com Jorlan no Alecrim; tonando caldo de cana com pastel de queijo; ainda com a darda do Hospital; e perguntei:

– Em quem você se inspirou pra ser assim?

– Agnelo Alves.

 

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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