VIRAMUNDO 82 –

Felizarda Vasconcelos nasceu em Barcelona, interior do Rio Grande do Norte, e queria ser bailarina.

A mãe, dona Mercerdes não tinha ideia como aquela menina de apenas 7 anos sonhava em dançar.

– Feliz, minha filha, de onde você tirou essa ideia?

– Do livro Branca de Neve.

– É Branca de Neve, dança?

– Não sei. Eu sempre imaginei ela dançando com o sete anões.

Ela ia pra escola, cantarolando e cheia de alegria.

Um dia ela veio pra Natal passar umas férias na casa da tia Neuza e adorou a praia do Forte, com aquela piscina natural.

– Mãe vamos morar em Natal, no bairro d Petrópolis, perto de tia Neuza e da praia.

– Vamos falar com seu pai. Se ele aceitar, a gente vem.

Mas seu Manoel não quis vir porquê lá em Barcelona tinha vida tranquila com sua padaria.

Mas Feliz conseguiu vir morar com tia Neuza e estudar no Colégio Imaculada Conceição, escola de freiras Saleinas e adorou as história de Dom Bosco e Domingo Sávio.

Serelepe, Feliz cantava nos eventos da escola até que Um dia Fonseca Junior levou-a pro programa Vesperal dos Brotinhos, sábado à tarde na Rádio Poti.

“Direto de Barcelona, Feliz Laranjeira” canta pra vocês.

A mãe quando soube veio a Natal pra saber o que estava acontecendo.

– Oh Neuza você Viu isso?

– Sim, ela deu um show. Canta muito bem.

Feliz passou a cantar nos fins de semana nos barzinhos de Ponta Negra e ganhar dinheiro com isso. Pouco, mas ganhava.

Desistiu de ser bailarina e foi ser cantora.

Passou a ser muito requisitada e as vezes chegava atrasada e até mesmo a faltar.

Uma noite não foi a um show onde era a estrela principal e o produtor Ricardo Molina puxou o nome dela no painel principal na entrada do Teatro Alberto Maranhão.

– O que eh isso Ricardinho?

– Não quero ver essa mulher nem pintada de ouro, nunca mais.

Eles brigavam toda vez que se encontravam.

– Tenho ódio mortal desse Ricardo. Quem ele pensa que eh?

Um dia foi convidada prum grande show no Centro de Convensoes e quando soube que Ricardo era um dos organizadores mandou cancelar o contrato.

Foi um “Deus nos acuda” e Feliz não foi, causando um grande prejuízo..

Todo o meio artístico sabia da briga dos dois e comparava a briga deles com as desavenças de Herivelton Martins e Dalva de Oliveira.

Um dia, sexta feira a noite, Feliz voltava do Rio de Janeiro, e, por acaso, Ricardo estava esperando um amigo que vinha no mesmo voo e iria pro Hotel dos Reis Magos.

O amigo não veio e Ricardo sentiu -se obrigado a dar uma carona a Feliz.

– Vou ter que aceitar. Tá muito tarde e não tem ninguém me esperando.

– Eh. Mesmo a contragosto, vou ter que dar uma carona pra você.

– Estou com fome. Vamos passar na Cinelândia e comer alguma coisa?

– Tenho uma ideia. Vamos jantar no Reis Magos?

– Como assim?

– Estou com uma reserva lá pro meu amigo Rodrigo que perdeu o voo. Vamos?

– Sei não. Melhor me deixar em casa.

– Você eh quem sabe.

– Tá. Vamos pro Reis Magos, mesmo.

Saíram de lá na segunda feira de manhã.

Se amará numa paixão desenfreada onde o ódio deu lugar a uma união inesperada e bonita.

Mas e depois foram morar juntos na Praia de Santa Rita, na beira da praia.
Nunca mais brigaram e tiveram um filho que hoje canta em Recife.

Encontrei Feliz jantando com uma amiga no Mercatto e perguntei:

– Feliz, em quem você se inspirou na sua vida?

– Elis Regina.

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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