VIRAMUNDO 77 –
Felisberto Alegria de Oliveira gostava de participar de quermesses e eventos infantis. Ele percorria lojas da cidade pedindo brindes para, numa data específica do mês distribuir com crianças carentes.
Seu Felis era um homem gordo, moreno claro, cabelo curto e costumava andar de tênis azul, calça jeans desbotada e camisa social de manga curta por fora da calça.
Sorriso permanente no rosto de barba feita seu Felis era a alegria que as crianças adoravam.
– Sei Felis o que o senhor ganha com esse trabalho, de graça.
– Ganho a alegria, o abraço e a felicidade do povo.
– Não ganha dinheiro?
– Com esse trabalho, não.
– E como vive, se sustenta?
– Sou funcionário da prefeitura e tenho meu dinheirinho garantido no final do mês.
– Ah! Bom assim eh fácil ser presenteie.
– Por que você também não faz esse trabalho social?
– Não levo jeito.
No fim do ano ele se vestia de Papai Noel e ficava na praça central do Shopping vestido a caráter, sentado numa cadeira bonita pra fazer fotografia como lembrança do Natal.
Era sempre convidado para alegrar festinha de aniversário de criança vestido de palhaço.
Era um sucesso da criançada.
Nessas ocasiões era “seu alegria” e não cansava de cantar e dançar com as crianças da festa.
Numa dessas festinhas conheceu Margarida, filha de seu Sebastião, uma moreninha linda de cabelos ondulados, negros, magrinha e vestido florido.
Gostava de cantar cirandas e brincar de roda com as crianças.
Seu Felis ficou balançando pro lado dela e começaram a namorar escondido pai, homem severo, rigoroso mas muito atencioso com as pessoas.
– Sei Bastinho quero casar com sua filha Margarida.
– Que eh isso rapaz. Que pressa eh essa?
– Estamos namorando há mais de ano e chegou a hora da gente viver junto.
– Vou conversar com ela e a mãe, pra ver se vai dar certo.
– Tá certo.eu espero.
Passou quase dois meses pra seu Bastinho dar a resposta.
– Felis venha cá. Você não buliu com ela, né?
– A gente passou um dia namorando na beira do açude e ela parece que tá grávida.
– Mas homi você não falou nada.
– Essas coisas seu Bastinho, a gente não fala, age. Por isso qureremos casar antes que seja tarde.
O casamento foi uma festa de criança, num sábado à tarde e de lá viera pra Natal e passaram a lua de mel no Hotel Soleil de Ponta Negra.
Ficaram no quarto 401, de frente pro mar e faziam as refeições na varanda.
Felisberto Alegria Júnior nasceu em dezembro , na noite de Natal.
Imagine a festa.
Moradores no Sítio Vila Verde, perto de Santo Antônio do Salto da Onça, Juninho cresceu brincando com animais e seu eterno companheiro era um Labrador preto, manso e brincalhão.
– Foi Juninho quem escolheu lá no Pet Shopr do Maurício, em Natal.
As festinhas promovidas por seu Felis agora tinham mais duas companhias: mamãe Margarida e o filho Junhho, agora com 7 anos.
O casal foi passear e conhecer a Disneylândia e Juninho ficou encantado com o Pato Donald.
Depois ele ficou sabendo que o nome do presidente dos Estados Unidos era um homenagem ao Pato criado por Walt Disney.
Voltaram cheios de ideias e a primeira delas foi montar um circo itinerante pesa percorrer as cidades do interior alegrando a meninada.
O Circo Alegra tinha de tudo e um diferencial. As criança até 10 anos recebiam uma lembrancinha do palhaço
Alegria, que era o próprio seu Felis.
Mas foi no mês de outubro, no dia da criança, que a festa foi realizada na Lagoa Manoel Felipe com a presença do
Pato Donald, vindo direto da Disneylândia.
Foi a consagração daquele moreno gordo, simples e alegre.
– Pronto. Já posso morrer. Realizei meu sonho.
Um dia, de tarde, encontrei seu Felis na Docelandia da Deodoro comprando balas pras crianças no Natal e perguntei:
– Sei Felis em quem o senhor se inspirou pra ser assim, festivo e sempre alegre?
– Papai Noel.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.