VIRAMUNDO 71 –

Ele costumava sair de Cuité, na Paraíba, e montar pequenas rádios comunitárias pelo interior.

Seu Abelardo era incansável, seus colaboradores eram muitas vezes acordados de madrugada para viajarem de jipe a Recife, Salvador, Fortaleza e São Paulo e Rio ia de avião resolver problemas da sua pequena empresa de comunicação, a Paraíba & Associados.

Seu Abelardo era um estrategista de mão cheia.

Com as rádios ele fazia parceria com as prefeituras e ganhava prestígio com prefeitos e até governadores garantindo uma boa receita em publicidade.

Teve a ousadia de ir a Brasília conversar com o presidente e conseguiu a concessão de uma TV pra Campina Grande e depois foi montar um grande jornal em Recife.

Tornou-se o Rei das comunicações viajava ao exterior ao lado de presidentes da República.

Era obcecado pelo trabalho.

Numa dessas viagens estava em Paris quando um dos seus colaboradores ligou de Belo Horizonte.

– Seu Abelardo tem um pessoal aqui oferecendo o jornal pra gente comprar.

– A empresa é boa?

– Sim. É a maior do Estado.

– Compre.
Silvinho perguntou como fechar o negocio, pelo dinheiro pra pagar, essas coisas corriqueiras e falou

– Estamos com poucos recursos, como fazer?

– Meu filho com dinheiro qualquer pessoa compra tudo. Quero ver sem dinheiro. Usava a criatividade faça negócio.

Meses depois seu Abelardo fez a festa de reinauguração da BH Jornais em grande estilo.

Ele conseguiu concessão para um novo canal de TV em São Paulo, seu grande sonho e tomou conta do Brasil abrindo empresas filiadas nos estádio.

Casou com Expedita, sua secretária em São Paulo e tiveram 3 filhos.

– Não deu tempo de fazer mais. Muitas viagens pelo mundo.
Amigo do presidente JK, montou. O belíssimo Museu da Comunicação em Belo Horizonte tornando-se uma espécie de Embaixador da Cultura brasileira.

Abelardo não media esforços e suas empresas ajudavam a eleger políticos, principalmente, peso dentes e governadores.

– Abel (na intimidade), vamos expandir os negócios pela Amazônia?
– Vamos.

E criaram a Transamazônica Comunicação que liderou durante muitos anos o setor pra aquelas bandas.

Seus filhos cresceram e foram tomar conta dos negócios do pai dividindo com ele as responsabilidades.

O grupo cresceu e junto com essa expansão cresceram também as dívidas com os impostos.

Inadimplência generalizada que não importunava o Rei das comunicações.

Um dia encontrei-me com seu Abelardo almoçando com empresário s no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro e perguntei:

– Seu Abel em quem o senhor se inspirou na sua vida profissional?

– Assis Chateaubriand.

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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