VIRAMUNDO 68 –

Suzy era uma uma menina recatada, simples, bonita sem exageros em nada. Olhos claros, hora esverdeados, azulado e castanhos. Dependia do sol. A noite seus olhos eram castanhos. Essas mutações davam a entender que ela usava lente de contato, mas era tudo natural.

Gostava de cantar e no Coral da escola se destacava.

A simplicidade de Suzy incomodava os amiguinhos e as pessoas que conviviam com ela.

Não discutia nem invejava ninguém

Andava de chinelinho básico, blusinha fina, folgada e raramente usava sutiã.

E isso enlouquecia os menos.

Gostava de filmes e assistiu várias vezes Soninha toda pura e Bonitinha mas ordinária.

Por conta disso os meninos chamavam ela Dr. Suzinha toda pura.

Um dia o Coral da Escola 7 de setembro foi se exibir na Praça central de Parnamirim.

Evento simples, musicas clássicas e Suzinha chamou a atenção porque usava uma saia azul, curta e deixava exposta as coxas brancas, bem feitas, lindas.

Ela não se importava com os olhares maliciosos e até curtia quando recebia elogios.

Um dia cantou uma musiquinha antiga, simples da época da Jovem Guarda, “Senhor Juiz, pare agora”…

Mas o sucesso mesmo foram as lindas e perfeitas coxas.

Parnamirim nunca viu mulher de coxas tão expressivas.

Ela costumava ir com uma amiga, tomar cerveja aos sábados a tarde, quando não estava cantando, a uma tendinha em frente a igreja, bater papo com os amigos.

Fazia falta quando não podia ir.

Não namorava ninguém mas era desejada por muitos.

Invariavelmente vestia um shortinho de jeans com a bainha dobrada e o sucesso tava feito.

Adorava cerveja com pastéis vindos da padaria e se deliciava ouvindo musicas, de preferência sertanejas.

Boa de papo, Suzy era uma graça que agradava a todos.

Curtia muito as histórias dos filhos que, nos fins de semana corriam de cavalo no interior.

Se emocionava quando via os vídeos que enviava aos amigos.

Costumava avisar que não queria ninguém, apenas amizade e cuidar dos filhos.

Comentava que havia advogados, filósofos, psicólogos e até mesmo um italiano apaixonado especializado em fazer massas, mas ela não queria saber de nada disso.

Morava sozinha, numa casa simples, confortável com a cachorrinha dócil e fiel.

Para convencer as pessoas da sua liberdade e isolamento dizia com segurança que ali homem não entrava sozinho além dos filhos e ex-marido, de vez em quando.

Parnamirim tinha em Suzy sua mais perfeita representante.

– Suzi vc gosta de viver sozinha?

– Mulher, eu adoro.

– Não sente falta de companhia?

– Não. Tenho meus filhos e Doralice, a cachorrinha.

– Só isso?

– Só não ter ninguém pra encher o saco, é um alívio.

– Nunca se apaixonou?

– Já. Mas não gosto porque a paixão deixa a gente burra e irresponsável.

A vida segue e Suzinha toda pura, vive a vida que pediu a Deus.

Amigos, liberdade e cerveja com a galera nos fins de semana.

Encontrei Suzi com as amigas, a noite comendo churrasquinho com as amigas e perguntei:

– Suzy em quem você se inspirou pra viver assim?

– Madre Tereza Dr. Calcutá.

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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