VIRAMUNDO 159 –

Margarida de Souza começou a ouvir política, que ela se lembra, aos dois anos de idade.

Seu pai, seu Anastácio, nasceu em Angicos e era muito amigo de Aluizio Alves, governador do estado, que muitas vezes visitava a família Souza e achava a menina Margarida, uma gracinha.

Ela se lembra até da roupa verde que Aluizio usava.

Memória fotográfica desde pequenininha. Orgulho pai.

Magui foi crescendo e acompanhava o pai nas visitas que fazia ao Palácio.

Tinha vontade de se candidatar, mas a mãe não queria de jeito nenhum e ele ficava só na assessoria.

Margarida completou sete anos e foi estudar no Colégio Imaculada Conceição – CIC, onde a diretora era freira, irmã de Aluizio e ganhou bolsa de estudo.

– Magui, você se dá bem na escola?

– Sim, apesar da disciplina ser muito rigorosa e a gente ter que assistir missa todo dia, antes das aulas.

Gosta de ler jornais e acompanhar o que os políticos faziam.

Ficou chocada quando soube que o Prefeito de Natal, na época, negociou a venda do mercado central da cidade alta, c9m o Banco do Brasil e nu. Sábado as seis horas da tarde, mandou tocar fogo para o Banco construir sua belíssima sede, que está até hoje lá.

– Morreu alguém nesse incêndio?

– Graças a Deus, não, mas os bombeiros demoraram a chegar pois não acreditavam nas ligações recebidas.

Pensavam que eram trotes.

Um escândalo que mexeu com toda a cidade.

Magui foi se inteirando da política e conheceu muitos vereadores e prefeitos da capital e ao concluir o curso de administração conseguiu um bom emprego na Prefeitura.

Margarida carregava nos lábios sempre um sorriso bonito e sua agradável gentileza conquistava todos.

Conheceu Marcelo, diretor de uma clínica de olhos onde Magui era cliente e se apaixonou por ele.

Divergiam um pouco sobre política mas se davam bem.

Quando nasceu Marcelinho, Margarida realizou seu grande sonho de ter um filho.

Foram morar na Cidade Verde e Marcelinho foi estudar no Salesiano, perto de casa.

Seu trabalho na Prefeitura aproximou Magui de alguns candidatos a vereador e chegou a trabalhar na campanha de um deles que se elegeu.

Ficou feliz e sua popularidade foi muito importante para ser prestigiada no trabalho.

Tinha suas preferências políticas e costumava trocar ideias com jornalistas e assessores de parlamentares.

Tinha opiniões definidas e tinha decepções quando seus preferidos não governavam bem e as vezes chegavam até serem cassados.

Seu envolvimento no meio político era discreto mas de muito conteúdo analítico.

Magui, o marido e o filho passavam as férias viajando e adorou conhecer João Pessoa, principalmente no período do São João em campina Grande.

Seu Anastácio era seu grande amigo confidente mas morreu jovem, aos setenta anos e deixou muita saudade.

– Escrevi uma carta ao meu pai contando todo o meu amor por ele, três antes dele morrer.

– Ele deve ter gostado muito.

– Chorou, emocionado. Depois foi minha de me emocionar e chorar muito pela falta que ele me fez.

Apaixonada por tudo o que faz, Magui tem um sonho de ser jornalista e fazer da política seu esteio.

Encontrei Magui, Marcelo e Marcelinho almoçando no Mangai, restaurante de comidas típicas e perguntei:

– Margarida, em quem você se inspirou pra ser assim?

– Patrícia Palhares.

 

 

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para YouTube

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *