VIRAMUNDO 157 –

Ele já nasceu politico. Veio de Patu, cidadezinha humilde no sertão do Rio Grande do Norte.

Chico Moura era um legitimo Gambia, desses que gostam de política de verdade.

Era ajudante de vereador e seu trabalho era intenso visitando pessoas pra garantir o mandato do patrão.

Veio embora pra Natal e passou um tempo na Casa do Estudante e foi estudar no Atheneu, a noite e peculiar trabalhar durante e dia.

Arranjou emprego na Farmácia de Luizinho Godeiro, parente daquelas bandas. Daí foi ser propagandista vendedor de laboratório Farmacêutico, viajando pelo interior visitando médicos e farmácias.

Se deu bem. Ganhou projeção e voltou a se entrosar na política e se candidatou a vereador, mas não se elegeu.

Durante dois anos fez um trabalho divulgando seu nome junto com remédios nas cidades visitadas.

O lema era: “Chico Moura pra Deputado Estadual, o melhor do sertão”.

Valeu a pena ter trabalhado intensamente. Foi um dos mais votados no interior.

– Chico, você pode contratar até 20 funcionários pro gabinete.

– Sim. Vou valorizar algumas pessoas que me ajudaram.

– Cuidado com as mulheres. Não contrate mulher bonita, que vc vai ter problema.

– Eu sei me cuidar.

Chico formou uma boa equipe e disseram a ele que de cada funcionário ele podia pedir uma colaboração de 500 reais pra manutenção do gabinete.

– Mas, isso é ilegal. É a tal “rachadinha” não?

– Sim. Todo mundo faz isso e não tem problema.

– E se alguém denunciar?

– Só se for burro. Fique tranquilo.

Pois é, um adicional extra de 10 mil reais por mês daria 120 mil por ano e em quatro anos dava pra juntar quase meio milhão de reais.

Dava pra comprar um sitiozinho em Patu e criar umas vaquinhas quando se aposentasse.

Não deu outra. Chico Moura topou a parada e pouco tempo depois se apaixonou por Marluce, secretária

Francisco Holannda seu colega de Assembleia.

Foram morar juntos e quando nasceu Robertinho, resolveram casar e irem morar numa bela casa na Candelária.

O Deputado Chico Moura se reelegeu e quatro anos depois foi pra Brasília como Deputado Federal.
Chico era arrojado, idealista e fiel aos seus eleitores e ao Partido, recebendo apoio e sendo prestigiado pela cúpula.

Tentou o Senado mas não conseguiu se eleger e aí ficou como presidente estadual do Partido, orientando e se responsabilizando pelas campanhas eleitorais.

Recebeu o título de Cidadão natalense e saudou seus conterrâneos patuenses.

Marluce teve mais dois filhos: Anita e Bruno.

Robertinho, com 23 anos casou com uma prima, Nadir, e foram morar na fazenda do pai em Patu.

Encontrei Chico Moura com Marluce e o casal de filhos no Aeroporto.

Iam viajar a Portugal, de férias, e perguntei:

– Chico em quem você se inspirou na sua vida política?

– Em Francisco Brilhante.

 

 

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para YouTube

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