VIRAMUNDO 143 –

Aos 19 anos Francinete tomava conta de três filhos do homem que ela iria casar anos mais tarde.

Ato de afeto, paixão e dedicação.

Netinha, como era conhecida, tinha mais duas irmãs mais velhas que achavam isso um absurdo.

– Você tá ficando doida tomando conta desses filhos do Dr. Evilásio?

– Que é que tem, se eu vou casar com ele?

– E se não for?

– Não tem problema. Você sabe que eu gosto de criança.

E assim Netinha ia construindo seu sonho de casar com Dr. Evilásio, advogado bem sucedido e uma ótima pessoa.

Só tinha um defeito que Netinha não gostava: ele era mulherengo demais pro seu gosto.

– Mas ele gosta muito de mim e parece que ele é fiel.

– Que nada Netinha. O cara quando é namorador não dispensa nada. Tudo quanto for mulher, ele segura.

– Ah! Comigo não. Sei controlar a situação.

– Tomara.

Netinha ficava preocupada com essas insinuações mas o amor era maior.

Veio morar em Natal na casa da irmã Regina e deixou os meninos do Dr. Evilásio com a mãe dele em Vera Cruz, cidadezinha no interior do Rio Grande do Norte.

Netinha estava apaixonada e enquanto se preparava pro casamento, estudava no Colégio Imaculada Conceição, dirigido por freiras da Congregação Salesiana.

Se aconselhava muito com a Irmã Arilza, orientadora pedagógica.

– Irmã, a senhora nunca casou, como pode me aconselhar sobre casamento?

– Estudo muito e conheço bastante sobre relacionamento entre as pessoas.

– E sobre filhos, o que a senhora me diz?

– Bem, isso é um assunto muito complexo. Não sei muito.

A vida vai passando e Dr. Evilásio faz uma demonstração de amor comprando uma casa em Nova Descoberta pra eles morarem quando casar.

O dia chegou num sábado as 17h na igreja do Bom Jesus, na Rbeira.

Festa bonita e a noite foram pro hotel Holliday Inn de Ponta Negra passar o final de semana em paz.

Nasce Evilasinho, menino bonito, forte, o queridinho de Netinha.

Manda buscar os meninos de Dr. Evilásio em Vera Cruz e uma moça da família para ajudar Netinha com os “4 filhos”.

Serviço pesado. Cuidar da casa, dos meninos e do marido advogado que não tinha hora pra chegar em casa.

A infancia de Evilasinho foi ótima, saudável e ele estudava no Colégio Marista.

A formação religiosa sempre foi católica com missa aos domingos, novena e primeira comunhão eram o padrão da família.

Aí Netinha engravidou de novo. Um menino. Evilasinho, com sete anos, ajudava a mãe nesse período de gravidez.

Netinha foi pra maternidade e teve parto normal.

A moça que trabalhava na casa dela trouxe uma notícia que deixou Netinha muito aborrecida.

– Dona Netinha, vi Dr. Evilásio num apartamento aqui em baixo visitando um pessoal.

– E quem é esse pessoal?

– É dona Mariana que teve uma filha.

– Sim e qual é o problema?

‐ É que a menina é filha de Dr. Evilásio.

– O que?

– Pois é. A menina é filha do Dr. Evilásio. Mariana me falou. Ela nem sabe que ele é casado.

– Meu Deus, o que eu faço?

– Nada, por enquanto. Vá pra casa, descanse e depois você fala com ele.

Dr. Evilásio confirmou o caso e Netinha o expulsou de casa, com uma condição de ficar na casa com os dois meninos: Evilasinho e Alberto.

Dr. Evilásio assumiu as despesas com Neidinha até hoje, mas não se divorciaram.

Ele mantém a casa e as principais despesas, inclusive cos os estudos dos meninos.

Netinha, mesmo “solteira” não namora nem quer compromisso com ninguém.

Se diverte nos fins de semana com as amigas, tem muitos amigos mas continua invicta, sem relacionamento com ninguém.

Encontrei Netinha e umas amigas num barzinho em Mirassol, sexta feira a noite e perguntei:

– Netinha em quem você se inspirou pra viver assim?

– Em Graça Delgado.

 

 

 

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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