VIRAMUNDO 142 – 

Carmen Lúcia era uma morena clara, especial.

Morava em Nova Descoberta, bairro de classe média em Natal.

O pai, seu Afonso, tinha uma oficina mecânica de automóveis e um padrão de vida muito bom.

A casa tinha dois pavimentos tinha uma bela varanda na parte superior onde eram colocadas redes para repouso das pessoas.

Tudo em madeira de lei.

Era nesse ambiente que Carminha vivia com a mãe e três irmãos.

Fogosa, corpo bem torneado, despertava desejos em homens e mulheres, principalmente quando usava shortinhos curtos e calças compridas, apertadas delineando as coxas grossas, bunda bem feita e blusa de malha um pouco folgada dizendo ver os belos seios pequenos, sem sutiã.

Respirava sexo.

Na praia usava fio dental, dourando os raros cabelos das pernas e braços. Muito sensual.

Carminha era inquieta.
Estudava de manhã e a tarde vivia desfilando saúde nos corredores do Natal Shopping.

Tinha um Fiat 147 branco, sempre limpo, que completava seu lazer.

Namoradeira, casou cedo e teve dois filhos: Fernando e Leonardo.

O marido Luiz Augusto, era Representante Comercial e viajava muito com laboratório farmacêutico, em média vinte dias por mês.

Carminha ficava solta. Morando numa casa próxima a do pai, deixava os meninos aos cuidados da mãe e corria ao mundo atrás de namorados.

Sua insaciável vontade de viver não tinha limites.

Gostava de homens mais velhos e endibheirados se se importar se eram casados.

Despertava paixões e muitos casamentos foram desfeitos por conta disso.

Com o tempo se tornou amante de vários homens e até mulheres entraram na relação.

O marido nunca desconfiou dessas relações extra conjugais e viviam aparentemente bem.

Ele muito calmo, simpático, bem relacionado, também dava seus pelinhos, mas Carminha era invencível.

Um dia Paulo, um dentista famoso, se apaixonou por ela e separou da mulher e dos filhos pra manter o romance com Carminha mais a vontade.

Só durou 1 ano.

Quando ele quis voltar pra casa a mulher não aceitou.

– Vá viver com sua Carminha, a bonitona.

– Não posso. Ela é casada e tem dois filhos.

– Eu não quero mais você. Estou namorando Orlando, dentista também, seu amigo.

– Sacanagem Orlando fazer isso comigo.

– Fui eu que o procurei e propus sermos amantes. Ele nem precisou separar da familia.

– Não?

– Não ele é mais jovem, inteligente e estamos bem.

Carminha continuou seduzindo pessoas e desprezando antigos amantes.

Os filhos cresceram, casaram e agora era vovó.

Uma bela sexta feira, Carminha chegou em casa e viu o marido passando mal n sofá da sala e ela levou-o ao hospital.

Em pouco tempo ele não resistiu a um ataque no coração e morreu.

Carminha enloqueceu com tantos problemas pra resolver.

Viúva, mais velha mas continuava bonita, ela baixou o facho e não quis mais arranja namorados.

Foi cuidar dos netos e da mãe, doete e em uma cadeira de rodas.

Aí conheceu Evilásio, médico da sua mãe, viúvo e solitário.

Se apaixonaram, apesar dele ter 80 anos, mas bem cuidado, vida estabilizada e foram morar juntos na casa dele na Praia de Maracajaú.

Encontrei os dois tinham tomado cerveja e comendo caranguejo numa barraquinha na praia e perguntei:

– Carminha em quem você e inspirou pra viver assim?

– Kátia Alves Pontes.

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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