VIRAMUNDO 128 –
Edmundo Batista, o Edinho, natalense, nascido no bairro das Rocas, conviveu muito tempo entre grandes jogadores de Futebol.
Amigo de Piaba, Saquinho, Pancinha, Ribamar, Cocó, Edmilson Piromba, Otávio, Marinho Chagas eleito o melhor laterral esquerdo do mundo, Jorginho, Burunga, Alberi, Sileno e muitos outros.
– Edinho, você se dava bem com esse povo todo, mas nunca foi jogar na seleção brasileira?
– Fui sondado mas quem foi no meu lugar foi Marinho Chagas, o diabo louro.
Edinho era também um craque e escolheu a posição de goleiro.
Jogou no América, no Riachuelo mas foi no Atlético Potiguar, de João Machado, que ele mais gostou de jogar.
– Seu João Machado trata a gente como filho.
– Como assim?
– Éramos tratados todos iguais. Não tinha estrela e a gente jogava por amor.
João Machado era um sujeito gordo, bolachão, tinha um programa na rádio e comentava o movimento esportivo na cidade.
Era humilde e gostava realmente dos meninos.
– Ele dividia, por igual, o “bicho” dos jogos.
Edinho jogava no América e arranjou emprego num banco aí não tinha tempo de treinar.
– Edinho, venha pro Atlético. Aqui você não precisa treinar.
– Legal, dr. João. Vou sim.
Saiu do América e foi pra lá, com toda energia.
“Como é que o América perde um craque como Edinho” – comentou Cesar Filho, locutor esportivo.
Edinho era querido na cidade e casou com Margarida, uma fã que trabalhava na Livraria Universitária e criou o hábito de leitura no marido, que lia tudo que ela levava pra ele.
Tiveram três filhos, mas nenhum foi jogador de futebol.
– Graças a Deus, porque jogador sofre muito, principalmente goleiro.
– Já jogou Futebol de Salão?
– Já. Ao lado de Salvador Lamas, Cezimar Borges, Arturzinho, Erivan que era meu reserva no gol e muitos outros craques.
– Era diferente do futebol grande?
– Muito. Outra dimensão.
Edinho foi jogar no Santa Crua de Recife, mas não gostou muito.
Foi sondado pra ir jogar em Portugal ajuntamento com Pracinha mas adoeceu e não pôde viajar. Voltou pro Atlético do dr. João Machado.
Nessa época foi para o escotismo e com o tempo passou a orientar crianças, meninos e meninas e até hoje passa o tempo como “professor Edinho”.
Tem grandes lembranças do futebol que lhe rendeu amigos até hoje e costuma comentar seus feitos em rodas de amigos em papos agradável nos fins de semana na Tenda de Mirassol.
Edinho é avesso a tecnologia e detesta duas coisas: telefone celular e política.
Um dia um candidato a vereador foi procurá-lo em casa para ele ser cabo eleitoral e foi expulso por ele.
– Não gosto desse povo. É tudo falso e aproveitador.
Encontrei Edinho tomando uma cachacinha num domingo de manhã na Praça de Mirassol e perguntei:
– Edinho em quem você se inspirou na sua vida profissional?
– No goleiro Macário.
Jaécio Carlos – Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube