VIRAMUNDO 105 –

Antonio Cesar Fernandes era da bandas de Patu, na tromba do elefante, interior do Rio Grande do Norte.

Desde criança gostava de cantar porque era gago e o pessoal falava que cantando deixava de gaguejar.

– Antonio Cesar o que você gosta de cantar?

– Coisas de criança, mesmo.

Cresceu cantando e quando veio pra Natal, já adolescente, cismou de lutar Boxe e se deu bm. Ganhou várias competições e cantava pra melhorar a gagueira.

Na época a Rosemblit era a gravadora de sucesso e Antonio Cesar passou a se chamar Toinho Gogó de Aço pelo seu vozeirão.

O inicio foi muito difícil e um produtor em Recife não acreditou que ele, gafo, fosse o dono daquela voz.

Passando dificuldades, Toinho foi morar num Albergue noturno no bairro 2 irmãos pertinho da Av. Guarapes e lá conheceu dois repentistas e logo fizeram amizade.

Desanimado voltou pra Natal e foi pra casa da tia Porcina moradora das Rocas.

Pegou o violão e se preparou pra gravar seu primeiro sucesso musical: Maria Bethânia.

– Toinho acho que agora você emplaca na Rosemblite.

– Deus te ouça.

Voltou a Recife e se reencontrou com os caipiras de Nazaré, uma dupla de cantadores de viola que estavam participando de um festival em Jaboatão dos Guararapes e comemoraram o reencontro.

– E aí Toinho como estão aa coisas?

– Caminhando. Amanhã de manhã, 10 horas vou a gravadora mostrar meu talento.

Foi aprovado e a gravadora contratou o novo Toinho Gogó de Aço e fez um bom adiantamento financeiro pra ele.

Lançou o primeiro LP – Long Play com musicas românticas e estourou também na Radio no Programa do Chacrinha, Sucessos da Noite.

Toinho Gogó de Ouro conheceu Terezinha Barbosa, cantora de forró e foram viver juntos num apartamento modesto, na Imbiribeira.

Tiveram dois filhos e como Toinho viajava muito pra fazer shows era um pai ausente e Terezinha se transformou numa viúva de marido vivo.

Toinho passou a curtir as noitadas em Olinda e em pouco tempo se viciou em cocaína.

Quase morre depois uma blitzen da policia em Boa Viagem e só não preso porque Anselmo, da dupla de violeiros o ajudou porque era conhecido dos soldados.

– Saia dessa vida Toinho. Com o tempo você vai deixando de cantar e vai passar necessidades.

Toinho nem ouvia os conselhos e acabou sendo preso.

Sofreu com a ausência da troca um dia ficou desesperado quando Zé do pó saiu de Recife e foi morar em Salvador.

Terezinha vou a Salvador ver se encontro Zé do povo, lá.

Num show na Pituba Zé, encontrou-se com ele e a dependência ficou cada vez mais crescente.

Toinho ficou sem cantar, passando a viver drogado e gastando o restinho de dinheiro que ainda tinha.

Separou da mulher e filhos e foi encontrado na sarjeta, perto do Pelourinho completamente desfigurado.

Melina, uma morena dengosa, garçonete da boate Flor de Lys, chegou perto dele e o socorreu.

– Conheço você de algum lugar.

– Sou Toinho Gogó de Outo, de Patu, cidade linda do interior do Rio Grande do norte. Estou passando uns dias aqui mas quero voltar pra Natal.

Em Natal Terezinha prendeu ele no sub solo da casa e dava comida por baixo da porta e ele sem contato com a droga, depois de seis meses abandonou a cocaína, voltou a cantar e se recuperou.

Anos depois encontrei Toinho, Terezinha e os filhos, lanchando no Café Vlack do Soledade 2, em Natal e perguntei:

– Toinho, em quem você se inspirou pra viver sua vida de artista?

– Nelson Gonçalves.

 

 

 

 

 

Jaécio Carlos –  Produtor e apresentador dos programas Café da Tarde e Tribuna Livre, para Youtube.

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *