VIAGEM AO PASSADO –

Nesses tempos de inverno, as nossas paisagens ficam mais bonitas, o povo mais alegre, em fim tudo vira felicidade, ou quase tudo.

Pego meu carro, vou até São José de Mipibu e paro um pouco na porteira da propriedade Boa Vista. Vem a lembrança de quando ela era o Engenho Boa Vista de propriedade do meu avô Jorge Coelho da Silva.

Quando meu avô era vivo, aquela propriedade era um local festivo, todos participavam de uma maneira ou de outra da vida da propriedade, existiam as festas religiosas na capelinha da fazenda, quadrilhas de São João nos meses de junho e julho, teatrinho de João Redondo na Casa Grande, vaquejadas, novenas religiosas e outros acontecimentos festivos. A meninada ficava contanto os dias para a chegada das férias do meio de ano. Mas nem sempre foi festa, houve um tempo em que meu avô adoeceu e as coisas no velho engenho começaram a mudar, as festas não eram mais feitas com a participação das famílias dos moradores, a casa grande antiga ficou fechada e foi substituída por uma mais moderna, construída em outro local, onde se tinha uma vista de toda frente da propriedade. Foi tomar conta da propriedade um tio formado em agronomia, e aí começou a derrocada da propriedade, o engenho parou de moer, o prejuízo aumentando e ninguém mais se entendendo, até ameaças de mortes aconteceram, parte triste da história do velho engenho, os herdeiros resolveram vender a propriedade, o que foi feito em 1963 com meu avô já falecido. Para mim uma tristeza.

A propriedade não se mantinha só do engenho de aguardente, tinha a pecuária que era a maior fonte de renda pois tinha bastante pasto e é cortada por dois rios.

O tempo passou e não conseguiu apagar em mim as lembranças do velho Engenho que soa em mim como um grande fantasma.

A vida passando e as lembranças mais vivas, guardo um quadro na minha sala onde o velho engenho repousa em silencio talvez querendo me contar alguma coisa, é hora de voltar.

 

 

 

Augusto Coelho Leal – Engenheiro Civil

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