UMA VELHA HISTÓRIA –

O ano de 1947 marcou o ponto de partida para a guerra fria entre os Estados Unidos e a União Soviética. Naquela data, os americanos tomaram duas iniciativas importantíssimas: primeiro, decidiram-se pela política de “contenção” ao comunismo, dando início a pesados investimentos em armamentos e artefatos nucleares; em segundo, por auxiliarem economicamente, por meio do Plano Marshall, os países europeus assolados pela guerra, permitindo o início aos programas de reconstrução nacional.

No ocidente era visível a preocupação com a “expansão soviética” no mundo. Uma conferência realizada em Petrópolis, no dia 20 de agosto, com a participação do presidente Juan Domingo Perón, da Argentina, sua esposa Eva Perón, o general Góis Monteiro, ministro da Guerra do Brasil, e conduzida pelo secretário de Estado George Marshall, dos Estados Unidos tratava do iminente “perigo comunista”. O encontro teve como intérprete o major Vernon Walters, a quem, tempos depois, foi atribuída a condição de espião da CIA. Um certo Tratado de Assistência Recíproca, sob as bênçãos do primeiro-ministro britânico Winston Churchill, mostrava preocupação com a política da URSS e denunciava a recém intitulada “cortina de ferro”. O tratado, entre outras coisas, previa a intervenção de forças norte-americanas, com o auxílio das tropas dos países signatários, “onde quer que a paz e a segurança estejam ameaçadas”.

Reagindo a um incidente envolvendo a imprensa e o secretário da embaixada brasileira em Moscou o presidente Eurico Dutra, em 12 de outubro rompeu as relações do Brasil com a URSS. O motivo da reação era legítimo. Mas, evidentemente, revelou-se apenas um pretexto para justificar o rompimento. E a visita do presidente Harry Truman, em 1º de setembro fora, sem dúvida, um o elo que faltava à política de atrelamento do Brasil, parceiro sempre importante para os interesses dos EUA.

O estreitamento das relações com os norte-americanos evidenciou-se, também, na formação da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, conhecida como Missão Abbink, chefiada por John Abbink e pelo ministro Otávio Gouveia de Bulhões. Tinha como atribuição diagnosticar os principais problemas da economia brasileira e, como especial recomendação, o emprego de recursos externos no setor petrolífero.

E o Estatuto do Petróleo, oriundo da Constituição de 1946, causa polêmica no país. “Trustes” da indústria do petróleo, as famigeradas Sete Irmãs, conforme já tinham conseguido na Venezuela, por exemplo, desejam o controle de todos os mecanismos da comercialização. Grupos nacionalistas, porém, por adotarem a tese do monopólio estatal, criticam a participação do capital estrangeiro de forma integral.

Uma velha, e sempre repetida história.

 

 

 

Alberto da Hora – escritor, cordelista, músico, cantor e regente de corais

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