UMA CARTA PARA VOCÊ – 

“- Pra mim?”

Sim! Para você!

Ela foi escrita com a tinta da gratidão e deve chegar a qualquer momento, pois foi colocada no correio dos sentimentos.

Lembra aquele dia em que você apertou a minha mão dizendo, “Olá, como vai você?” e eu respondi “Tudo bem!”. Pois é. Naquela oportunidade estava desconectado de emoções e minha resposta foi dita de forma meramente mecânica. No entanto, você me saudou olhando nos meus olhos e com um sorriso impregnado de aceitação.

Fiquei querendo compreender porque nas ‘relações humanas’ as saudações, às vezes, são tão vazias que parecem meras formalidades.

O quanto queremos saber realmente, “Como vai você?”.

Por isso estou escrevendo esta carta de gratidão para você, que muitas vezes, teve uma atitude positiva, restaurando o meu estado emocional e fortalecendo o meu espírito.

Pra você que me trouxe ao mundo, fazendo cumprir o plano que Deus a mim destinou…

Pra você que me deu a mão incentivando e confiando para que eu desse os primeiros passos…

Pra você que me ensinou as primeiras letras…

Pra você que me embalou com as cantigas de ninar…

Pra você que me protegeu dos medos noturnos, acolhendo-me em seu leito…

Pra você que tantas vezes calçou minhas sandálias e penteou o meus cabelos para ir passear…

Pra você que cuidou de mim enquanto papai e mamãe estava no trabalho…

Pra você que com muito orgulho dizia: “esse é meu filho”…

Pra você que brincava comigo dando vida aos nossos super-heróis…

Pra você que dava o remédio para curar meus momentos de doenças…

Pra você que me ensinou a rezar com as mãos postas…

Pra você que me ensinou, desde pequeno, a respeitar os outros…

Pra você que ficava feliz com a minha presença…

Pra você que tantas vezes vozeirava: “vou dizer a seu pai”…

Pra você que me corrigia pelo amor ou pelo temor…

Pra você que me ajudou a moldar o meu caráter…

Pra você que sorria das minhas “palhaçadas”…

Pra você que compartilhou aprendizado em todas as fases de minha vida…

Pra você minha primeira professora e a todos os demais que até hoje ainda levam-me a aprender…

Pra você que me aceitou em conviver com a sua família…

Pra você que contribuiu para o meu desenvolvimento profissional…

Pra você que abriu o coração e se fez companheira na relação a dois…

Pra você que me tornou mais feliz, alçando-me a condição de pai…

Pra você, cada filho, por me dar a esperança de um mundo melhor…

Pra você que nos momentos difíceis, silenciosamente, permaneceu ao meu lado…

Pra você que algumas vezes se aproximou de mim em busca de um conforto…

Pra você que comigo caminhou nas trilhas da vida…

Pra você que permitiu dar-te a mão…

Pra você que sorriu e chorou comigo nos momentos de recontar as bênçãos…

Pra você que acreditou em mim, mesmo quando tão difícil parecia ser…

Pra você que duvidou da minha capacidade de superação…

Pra você que nunca me negou pão e água…

Pra você que me deu a oportunidade de ser útil…

Pra você que transformou minha vida para melhor, elevando a patente de pai para avô…

Pra você, cada neto, que revigorou o meu espírito e reacendeu a chama da vida…

Pra você, cada amigo, que ficou pelo caminho…

Pra você que partiu sem se despedir…

Pra você que no cinema, na música, no esporte, na literatura, me fez conhecer o mundo…

Pra você que muitas vezes me disse: “não se preocupe, tudo vai dar certo”…

Pra você que não ‘enxerguei’ as suas necessidades…

Pra você que rezou pela minha proteção…

Pra você que me abençoou…

Pra você que me levantou das quedas da indiferença…

Pra você que me ensinou a ver o melhor dos outros…

Pra você que me inspirou com a sua paixão, calor e persistência

Pra você, papai e mamãe, que sempre se ajoelharam para aliviar minha dor…

Pra você que me fez entender que ninguém pode ter tudo…

Pra você que me confidenciou que se os nossos filhos não são perfeitos aos nossos olhos, são perfeitos aos olhos de Deus…

Pra você que disse “Vamos!”, sem se importar com o peso do meu fardo…

Enfim, pra você que me ressuscita todos os dias…

“- Vovô, tá escrevendo o quê?”

– Uma carta, Lucas.

– “Carta? E o que você escreveu?”

– Escrevi a palavra, “Obrigado”.

– “Só? Por que não manda um whatsapp?”

– Porque no traçado de cada letra, minha mão borda cuidadosamente uma forma de gratidão.

A gratidão nada tem a dar, além do prazer de ter recebido. Ser grato é dividir esse prazer que devo a você. É uma alegria nossa. É uma felicidade nossa.

 

 

 

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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