UM LATINO-AMERICANO RAIZ –

Escritores latino-americanos tornaram-se famosos por sua originalidade, como a invenção do Realismo Fantástico que ampliou o reconhecimento literário do Continente. Ninguém promoveu ou promove a América Latina tanto quanto Mario Vargas Llosa.

Na atualidade, o peruano Mario Vargas Llosa continua a pontificar. É romancista, ensaísta, crítico literário, jornalista frequente em muitos países. Eleva a poesia do chileno Pablo Neruda. Outros tantos são paradigmáticos: os argentinos Julio Cortázar, Jorge Luis Borges e o colombiano Gabriel García Márquez.

Escritores brasileiros merecem a admiração de Llosa: Jorge Amado e até o popularíssimo Paulo Coelho. Machado de Assis e Clarice Lispector são recomendados para uma elite intelectual.

Vargas Llosa é articulista do jornal “O Estado de São Paulo”, defendendo sempre a sua convicção liberal.

Nossos talentos literários são citados por ele, entre os quais Mário de Andrade, com “Macunaíma”; João Guimarães Rosa, com “Grande Sertão: Veredas”. Llosa lamenta que o romance roseano perca muito em sua beleza e expressividade na tradução espanhola. Por outro lado, considera de boa qualidade a versão francesa.

 Nenhum autor estrangeiro o superou no tratamento lúcido de história trágica brasileira em “A Guerra do Fim do Mundo”. Não somente apreendeu o sentido do extermínio humano na Guerra de Canudos, como advertiu que a leitura de Euclides da Cunha era imprescindível a todo intelectual latino-americano. Llosa recriou a história de Canudos com o romance que a realidade tristemente registrou.

O autor conviveu com baianos e assimilou a fala sertaneja. Encantou-se com os cantadores nordestinos que contavam histórias medievais europeias. Afirmou que era literatura pura.

Proclamou-se sempre um escritor latino-americano. Como tal, divulga, com louvação, Jorge Luis Borges, um dos maiores escritores dos dois últimos séculos. Sobre Pablo Neruda, afirma ser um poeta insuperável, pessoalmente encantador, mas deplora sua adesão ao comunismo e, também, a sua aceitação dos horrores do estalinismo. No campo político, Neruda renunciou à sua candidatura à Presidência do Chile. Por outro lado, Llosa foi candidato, derrotado, à Presidência do Peru.

García Márquez tem unidade em toda a sua obra, que tudo integra a imortal “Cem Anos de Solidão”.

Em entrevista no Brasil, perguntado sobre os seus livros preferidos, o autor de “Conversa na Catedral”, e da bem-humorada sátira do militarismo “Pantaleão e as Visitadoras”, respondeu que o seu melhor livro ainda iria escrever. Os jornais e as revistas literárias registram novas produções. Recentemente, publicou “El Fuego De La Imaginación”, em que reúne artigos, anotações, pequenos ensaios.

Mario Vargas Llosa credita à América Latina uma democracia nascente, imperfeita, mas democracia.

O seu otimismo prova a singular contribuição do nosso povo latino à civilização.

 

 

 

 

 

 

Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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