TUDO ESFRIOU –

Sou lembrado por um amigo de épocas passadas, lá pelos idos da década de 1960, quando o futebol potiguar travava ferrenhos embates com o futebol da Paraíba, especificamente com o Treze Futebol Clube e a temível e endinheirada agremiação do Campinense Clube.

Os jogadores que se destacavam no nosso campeonato eram contratados e muito bem contratados pelos times de Campina Grande.

Na época (acho que até hoje existe), uma forma muito comum e agradável de comemorar as vitórias e, também, de aproveitar o momento para um reencontro com divertidas resenhas com os ex-colegas. O alvo escolhido para o encontro-relax pós-jogo não podia ser outro: as boas casas noturnas da Rainha da Borborema. Local super agradável, muitas vezes “fechado” com exclusividade para o grupo de atletas.

Em uma dessas agradáveis noitadas, um dos atletas agregou-se e colou em cima de uma bonita jovem que deslizava no salão feito bailarina no ar. Muita conversa e o início de uma grande noite de amor. Chamegos e carícias íntimas eram distribuídas a todo momento, com prenúncio de uma aproveitável noite de “gala”.

O conquistador já armado até a língua, preparando-se para o momento maior da noite, escuta da formosa, jovem e bela morena:

–  É o meu amado amante.

Afinal, quem era LM? Atleta potiguar, bom meio campista que tinha atuado em Natal, com passagem por Recife e Campina Grande.

De boa altura e de um bom porte físico. Super, hiper amigo dos amigos. Possuidor de um temperamento agressivo, violento, e com uma ficha policial bem recheada de delitos. Não aceitava, nem admitia traição, principalmente tratando-se da sua bela e querida avulsa amada e, mais ainda, com um “boleiro”.

Consciente e conhecedor desses requisitos do atleta ausente, o conquistador, de imediato, sentiu um arrepio e tremeu nas bases. Permaneceu calado e tonto, como que atingido por um forte soco de Mike Tyson na ponta do queixo. Paralisou total. Não sentiu mais o impulso, a pulsação, a força, a dureza e a pressão que vinha de baixo para cima, como um potente britador querendo romper mundos e fundos. Não teve mais a tão esperada noite quente e amorosa, que imaginara.

  Tudo esfriou!

 

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  [email protected]

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Uma resposta

  1. O Brasil sempre teve médicos escritores bons. Emílio de Meneses por exemplo foi um desses. Ele era muito D
    distraído, certa vez, um colega o encontrou e perguntou o que ele. procurava.. Ele disse que estava procurando um médico para dar jm atestado de morte para uma tia que havia falecido.

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