Presidente dos EUA, Donald Trump, na Casa Branca, em 5 de maio de 2025. — Foto: Reuters/Leah Millis

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciaram nesta quinta-feira (8) um novo acordo comercial entre os dois países — o primeiro desde a implementação das “tarifas recíprocas” dos EUA, no início de abril.

Os EUA mantiveram uma tarifa de 10% sobre os produtos britânicos importados. Já o Reino Unido concordou em diminuir as taxas cobradas sobre os produtos norte-americanos de 5,1% para 1,8%, além de fornecer aos EUA um maior acesso aos seus mercados.

“Isso abre um mercado tremendo para nós”, afirmou Trump a jornalistas nesta quinta-feira.

 

Em uma publicação em seu perfil no TruthSocial, o republicano afirmou, ainda, que acordo deve criar uma zona de comércio de alumínio e aço e levar a uma “cadeia de suprimentos farmacêuticos segura”, além de aumentar a receita externa dos Estados Unidos em US$ 6 bilhões e de criar US$ 5 bilhões em novas oportunidades de exportação.

“Esse acordo mostra que, se você respeita os Estados Unidos e traz propostas sérias à mesa, os Estados Unidos estão abertos para negócios. Muito mais virão”, disse o republicano na publicação.

Já o governo britânico afirmou que, em contrapartida, a indústria de automóveis do país verá suas tarifas cair de 27,5% para 10% imediatamente em suas exportações para os EUA, enquanto os impostos sobre aço e alumínio serão zerados.

Segundo o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, a expectativa é que o acordo entre os dois países anunciado nesta quinta-feira impulsione o comércio e crie novos empregos.

“Esse é um acordo realmente muito importante. Isso irá impulsionar o comércio […] e não somente irá proteger empregos, como criá-los, abrindo o acesso ao mercado”, disse, reiterando que todos os cortes de tarifas entrarão em vigor “o mais rápido possível”.

O cenário no Reino Unido

O anúncio das tarifas recíprocas por parte de Trump, no início do mês passado, aumentaram a pressão sobre o governo britânico — que, por sua vez, continua na batalha para melhorar a economia do país.

O governo de Starmer tem buscado construir novas relações comerciais pós-Brexit com os EUA, a China e a União Europeia.

Economistas e o presidente-executivo do FTSE 100 (índice acionário da bolsa de valores do Reino Unido) afirmaram que o impacto econômico imediato de um acordo tarifário provavelmente seria limitado, mas que os acordos comerciais em geral contribuiriam para o crescimento a longo prazo — o Reino Unido, inclusive, chegou a firmar um acordo de livre comércio com a Índia nesta semana.

Os especialistas destacam, no entanto, que também há riscos políticos internos. Pesquisas mostram que o governo continua profundamente impopular, tornando qualquer movimento para cortar impostos sobre empresas multinacionais de tecnologia um grande risco.

Em abril de 2020, o governo britânico impôs um imposto de 2% sobre as receitas de grandes empresas de tecnologia obtidas de usuários britânicos, em resposta a protestos sobre evasão fiscal por parte dessas companhias.

A expectativa era arrecadar cerca de 800 milhões de libras (US$ 1,1 bilhão) neste ano, mas empresas como Google e Amazon repassaram o custo aos clientes por meio de sobretaxas de anúncios e taxas de venda mais altas, respectivamente.

“Os acordos americanos, indianos e outros que podemos fazer serão realmente importantes para a saúde econômica de longo prazo do Reino Unido, mas não espere que eles resultem em euforia da noite para o dia”, disse um executivo à Reuters.

Novos acordos à frente

Em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira, Trump também afirmou que tem muitas reuniões previstas nas próximas semanas, indicando que todos os países afetados por suas tarifas buscam fazer acordos com os Estados Unidos.

O republicano disse que ainda pretende fazer um acordo comercial com a Europa e que espera um encontro amigável com a China neste final de semana.

Os EUA têm sido pressionados por investidores a fechar acordos para apaziguar sua guerra tarifária depois que a política frequentemente caótica de Trump prejudicou o comércio global com amigos e inimigos, ameaçando alimentar a inflação e iniciar uma recessão.

Altas autoridades americanas têm se envolvido em uma série de reuniões com parceiros comerciais desde que o presidente, em 2 de abril, impôs uma tarifa de 10% à maioria dos países, juntamente com tarifas mais altas para muitos parceiros comerciais, que foram então suspensas por 90 dias.

Os EUA também impuseram tarifas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, tarifas de 25% sobre Canadá e México e tarifas de 145% sobre a China. Autoridades americanas e chinesas devem se reunir na Suíça no sábado.

Fonte: G1

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