AB NELSON FREIRE 24

 Nelson Freire

Em homenagem a Marcos Aurélio de Sá)

Eu cursava jornalismo na Faculdade Eloy de Sousa, onde hoje funciona a Fundação José Augusto, e ao mesmo tempo fazia o curso de Economia na UFRN. Foi quando conheci o jornalista Marcos Aurélio de Sá. Ele na época era sócio de Cassiano Arruda e de Marcelo Fernandes, na respeitada e pioneira Revista RN Econômico. A primeira publicação especializada em economia no Estado, e que viria a ser ícone e modelo para muitas outras a partir da década de setenta.

Por razões familiares na época, eu já tinha aproximação com a Dra. Suzete, sua esposa, o que ajudou ainda mais os nossos contatos de então. E ele fazendo um jornalismo econômico de altíssima qualidade, aprovado e elogiado por todos, aquilo tudo me impeliu a lhe falar sobre meu desejo de escrever na sua revista.

Eu fazia parte do grupo Jessé Freire, tendo começado a trabalhar muito cedo com meu pai José Pinto, na Distribuidora de Automóveis Seridó, revendedora Volkswagen em Natal, de saudosa memória. Em algum momento das nossas conversas iniciais, Marcos Aurélio pensou que eu estava imbuído de outra ideia, talvez a de trazer o grupo para uma parceria comercial, o que até poderia ter ocorrido. Mas na realidade eu queria mesmo era começar s escrever matérias econômicas, o que de fato aconteceu. Bebendo na época da fonte inesgotável do competente jornalista Sebastião Carvalho. E agradecido pela generosidade explícita de Marcos Aurélio.

Por cinco anos colaborei com a revista, fazendo inúmeras reportagens de capa com os próceres da época, tanto da área econômica como da área política. Foi um enorme aprendizado. E mesmo quando deixei de entrevistar as personalidades, continuei participando dela como consultor de economia. Parei de escrever ali porque passei a assinar uma coluna diária no jornal  “A República”, chamada Ponto de Vista, que passou a exigir muito de mim. Essa outra atividade durou até eu me tornar presidente da nossa Assembleia Legislativa em 1987. Mas, mesmo de longe, sedimentei ainda mais a amizade com Marcos e passei a acompanhar a sua trajetória de sucesso no campo editorial e jornalístico.

Anos depois surgia o seu primeiro jornal, o semanário Dois Pontos, que tinha como parceiro o ex governador Geraldo Melo. Foi outro empreendimento exitoso, demonstrando a garra e a competência do já renomado professor de jornalismo da nossa Universidade Federal, que já tinha absorvido a antiga Faculdade Eloy de Sousa. Marcos Aurélio passou a ensinar a uma nova geração de jornalistas, hoje ótimos profissionais, todos agradecidos pelos ensinamentos seguros que ele lhes transmitiu.

Há mais de dezoito anos, tive com ele uma conversa no seu escritório da Gráfica RN Econômico, após a sua separação comercial com Marcelo Fernandes, que ficou com a revista, junto com o filho Fernando. Naquela ocasião Marcos Aurélio me falou do sonho de fazer um jornal diário e vespertino. A princípio achei temeroso, considerando que na época pontificavam o então Diário de Natal e a Tribuna do Norte, que disputavam a grande fatia de mercado na cidade. Mas Marcos estava com um planejamento muito bem feito E apostava na novidade do jornal ser vespertino. Meses depois nascia o Jornal de Hoje, que de fato ocupou seu espaço e que por todos esses anos passou a ser a leitura obrigatória de todas as tardes. Principalmente dos políticos e empresários.

Mas a crise internacional começou a fazer seus estragos. E a fragilidade da economia brasileira nesses últimos anos também.  Aliado a isso, o surgimento da internet, das mídias sociais, dos blogs e portais de notícias em todo o mundo, passaram a mudar o perfil dos leitores e do próprio jornalismo. A modernidade obrigou muitos a promoverem alterações nas suas práticas jornalísticas e comerciais. Assim, jornais impressos tradicionais de vários países, inclusive aqui no Brasil, começaram a fechar as suas portas, passando a optar pelo novo jornalismo virtual. Até em razão dos altos custos que começaram a pesar substancialmente para essas empresas. Em Natal acompanhamos o fechamento do Diário de Natal, ligado aos Diários Associados, que foi uma grande surpresa na época.

Agora em 2015, no inicio de abril, foi feito oficialmente o anúncio da transformação do Jornal de Hoje em jornal virtual. O que já acontece a partir deste mês de maio. Será sem dúvida um caminho novo a ser percorrido por Marcos Aurélio, seus filhos e seus colaboradores. Um desafio para o jornalista e empreendedor que sempre soube entender os sinais do seu tempo. Que permanentemente esteve sintonizado com o senso da oportunidade, e que dela sempre tirou o melhor, acompanhando com perspicácia essas mutações naturais, transformando problemas em soluções.

Eu não tenho dúvidas de que Marcos Aurélio de Sá terá êxito nesse novo desafio. Porque além de ser o jornalista respeitado que é, ele tem a sensibilidade do empresário vitorioso, o que já foi amplamente demonstrado em todos os empreendimentos dos quais participou. Daí essa homenagem ao seu talento. Desejo apenas que a fase de adaptação à nova realidade seja rápida. E que o Jornal de Hoje virtual continue com a mesma desenvoltura que o Jornal de Hoje impresso. Para regozijo de todos os seus leitores. Os de sempre e, principalmente, os novos que ele irá conquistar.

Nelson FreireEconomista, Jornalista e Bacharel em Direito

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