Carlos Alberto Josuá Costa
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida…” (João 14:6)
E criança é que faz mesmo.
E muitas!
Pelo menos era assim comigo. Mamãe dizia que eu dava gastura em “Sonrisal”. De uma pergunta e de uma resposta, eu transformava em mais e mais perguntas.
Assim também era com meus filhos. E é hoje com Lucas – ‘menininho de vovô’. E aqui pra nós, é muito gostoso dar atenção àquela curiosidade que encanta a criança ao ir saciando o seu desejo de conhecer cada “novidade” que compõe o seu “mundinho”.
Sabemos que por trás dessas perguntas, está o instinto humano na busca pela verdade. Não existe limite de tempo e muito menos de conteúdo que não seja gasto em se querer saber o porquê das coisas e dos fatos.
Isso vai construindo a história, sem data de término, pois a cada instante a história se renova e se acrescenta.
Os sábios, os pergaminhos, os livros, as enciclopédias, os cientistas, os professores, os pais, são interrogados permanentemente sobre a verdade das coisas.
O homem, tantas vezes modificador da verdade, se acha no direito de exigir dos outros, respostas retas e confiáveis. Sempre que um fato novo vem à tona, se pergunta: “Será verdade”?
Esta pergunta é exatamente a alavanca que move a roda da inconstância do homem em busca da verdade absoluta.
Acompanhando uma discussão sobre o que era a “verdade”, fui surpreendido por uma ‘afirmação’: “a minha verdade não é a sua verdade”. Claro que fiquei confuso e imediatamente lancei na discussão a “minha” verdade, que por sua vez já não era a verdade de nenhum deles.
Parece que a “verdade” não se define. E isso faz o ser humano levantar interrogações sobre ela, ao ponto de mesmo intuindo sobre sua existência, não conseguir delimitar seus reais contornos.
Existe mesmo a verdade? Como ela se apresenta?
Se antes, essas indagações, levavam o homem a pensar, estudar, pesquisar, experimentar, propor, discutir até dar conhecimento, hoje com o advento da era digital, essa verdade já não é tão absoluta, pois, ainda, o mesmo homem que a busca, falseia e camufla à sua maneira.
“Conformidade com o real” está lá no dicionário Aurélio. Parece-me muito pouco para um tema que remonta o inicio da civilização. Toda conformidade apresenta uma verdade que se adapta a uma regra ou um conceito. Isso retoma a discussão: essa regra é legítima? Esse conceito é abrangente, indiscutível?
A busca é incessante, e essa relação ilegítima do meu ser com as coisas externas, replica em muitos significados, e como tal, dependendo como cada um a defina, a verdade continuará sendo uma questão em permanente ebulição.
Perguntar, portanto, é fundamental para obterem-se tantas quantas respostas forem possíveis, de modo que tenhamos, mesmo que de forma insipiente, a possibilidade de formalizar uma análise “coerente”. Para isso se faz necessário que saibamos formular perguntas inteligentes, claras, desprovidas de subterfúgios e malícias propositais.
Existe alguma evidência da existência da verdade absoluta?
Tomemos três vetores para nos ajudar a evoluir um pouco mais sobre nossas convicções: a consciência, a ciência e a religião.
Como podem perceber, está formada a “confusão”, pois cada um desses vetores puxará a “brasa para sua sardinha”.
A consciência ajuda-nos a tomar posição sobre as coisas ‘certas’ e ‘erradas’ quando entendemos que há algo errado com a fome, a miséria, a dor, a desigualdade social, a corrupção dos valores e dos princípios morais, assim como, que há algo certo com o amor, a caridade, a valorização do próximo, o respeito pela natureza e a paz.
A ciência tem sua jornada baseada exclusivamente no conhecimento, no estudo científico, mas que mesmo assim ainda traz, para muitos, a incerteza sobre a verdade absoluta.
A religião, todas elas, se fundamentam em dar sentido a nossa existência, evidenciando de que há um Criador para a humanidade e que Ele é padrão para a verdade absoluta, pois a Sua autoridade é detentora da verdade.
Será a verdade a coerência perfeita? Não sei. Ela continuará sendo “perseguida”.
O mundo atual, com suas transformações aceleradas, e com os canais de comunicações existentes, em rede, em tempo real, massifica a nossa capacidade de interpretação consciente, pela apresentação de muitas ideologias tidas como verdades “verdadeiras”. Precisamos ter cuidado com a forçação que a mídia, a política, as manifestações religiosas, nos apresentam como “verdadeiras”, sem ir a fundo sobre cada questão abordada, utilizando a nossa capacidade de discernimento.
Temos e devemos despertar em nós o senso crítico, para poder olhar de frente as tais “verdades”.
Pergunte!
Enquanto todas as respostas não chegam, continue “ouvindo” o seu coração. Lá dentro tem a chama da verdade que Deus instalou quando nos criou.
Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor ([email protected])