No cartão de crédito, a taxa foi 73,3%, ante 70,6% de dezembro

Mesmo com a inadimplência bem comportada, o juro dos empréstimos ao consumidor teve forte elevação em janeiro. Em média, o brasileiro pagou 39,4% ao ano pelos financiamentos, a maior taxa desde março de 2011, início da série histórica usada atualmente pelo Banco Central. O recorde, no entanto, ocorre em um momento em que praticamente não há mudança nos níveis de calote de consumidores e empresas, já que a taxa teve uma pequena alta, passando de 4,4% para 4,5% entre dezembro e janeiro.

Dois fatores explicam a elevação dos juros, segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. O primeiro é o atual ciclo de aperto da política monetária. A taxa básica de juros (Selic) está em 12,75% ao ano e espera-se um novo incremento na próxima semana. O segundo é o “efeito composição”: quando há aumento do estoque de crédito de algumas modalidades com taxas mais elevadas, como cheque especial e crédito pessoal não consignado, por exemplo, que tiveram aumento do saldo maior em janeiro.

As taxas subiram no mês passado em praticamente todos os segmentos. Isso significa, portanto, que está mais alto o spread, que é a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a que cobram de seus clientes. Esse spread é uma das principais fontes de lucro das instituições financeiras. Em apenas um mês, aumentou 1,9 ponto porcentual, atingindo 27,5 pontos em janeiro – nível mais elevado em três anos.

O BC passou a divulgar ontem mais detalhes do mercado de crédito, que respondeu por 58,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro, após ter batido o recorde de 58,9% em dezembro. Com isso, o cheque especial, cuja taxa de juros era tida como a maior vilã dos empréstimos, cedeu lugar ao rotativo do cartão de crédito. Em janeiro, quem entrou no cheque especial pagou taxa de 208,7% ao ano – bem acima dos 201% do mês anterior.

Rotativo
No caso do cartão de crédito, a taxa de juros ficou em 73,3% ao ano no mês passado ante 70,6% de dezembro. A maior “facada” nesse segmento, porém, vem do rotativo, saldo da conta que não é pago até o vencimento da fatura: 334% ao ano, maior taxa desde 2012. “As pessoas devem evitar essa modalidade, que tem juros mais altos”, alertou Maciel. É preciso atenção também aos parcelamentos feitos com cartões, já que o juro médio ficou em 106,7% no mês passado.

A queda de 0,2% no estoque do crédito em janeiro aponta que 2015 será desafiador para o crescimento dos empréstimos, segundo economistas do banco Credit Suisse. Embora este seja o primeiro sinal dado com números do governo, as projeções ainda mais tímidas divulgadas pelos grandes bancos já indicavam um ano pior para a liberação de recursos.

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