Ao ler o artigo postado nesse blog sobre a tapioca, me vejo obrigado a comentar.

Primeiro gostaria de enfatizar que estamos vivenciando a “era do terror”, sem que tenhamos   Robespierre em nosso convívio.

As notícias recentes a respeito da indústria de processamento de alimentos no país tem criado pânico e gerado derivações para outros setores de nossa dieta diária.

Convém esclarecer que o ácido cianídrico é um produto gasoso que compõe a casca da mandioca brava, usada no nordeste brasileiro, em teores de aproximadamente 0,1 g / 1000 g de raiz.

O ácido cianídrico é altamente tóxico, pois o ácido na corrente sanguínea inibe os processos oxidativos celulares, estabelecendo ligações extremamente estáveis com o ferro da hemoglobina, formando o íon hexacianoferrato (II) ou (III), que impede o transporte de oxigênio para os processos de oxidação no interior do nosso corpo.

Sendo assim, o indivíduo pode morrer por asfixia interna fato que só se verifica se a absorção desse ácido estiver numa concentração acima de 60 ppm de ar inalado.

Quando a mandioca é processada, se remove toda a casca (onde está o maior teor de ácido cianídrico) e coloca-se a massa para torrar. O calor do processo ajuda a eliminar o ácido cianídrico residual (se houver). Após esse procedimento o produto é embalado é comercializado.

No preparo da tapioca, novamente a massa vai ao fogo e aí qualquer possibilidade da presença do ácido é descartada.

Se a coisa acontecesse como descrito no texto publicado neste blog, não haveria nenhum índio ou nordestino no território nacional.

Quando isso que está acontecendo no país passar eu espero que reste pelo menos um maxixe orgânico com cebolinha para o nosso deleite.

Segue um link em anexo para quem deseja saber mais.

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/94167/1/Cartilha-Mandioca-2013.pdf

 Dilermando Jucá –  Formado em indústria farmacêutica e professor de química por 39 anos.

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

3 respostas

  1. Eu li todo o texto, e percebi muito exagero, alem de ser tendencioso. A tapioca ou Beiju esta na nossa mesa a seculos, e sobre o cianeto na composição é encontrado em pequenas quantidade em tipo de mandioca, que no nordeste chamamos de “mandioca Brava”. Mas as cultivada nas casa de farinhas de onde vem a fécula para produção é usada somente a mandioca boa ou mansa. Aqui em Portugal é muito bem consumida pelos portugueses e brasileiros e nunca ouvi falar desse perigo.

  2. Concordo quase 100% contigo. Realmente, no preparo da tapioca a goma irá à panela quente eliminando qualquer resíduo(por evaporação) do ac. cianídrico. Só corrijo (com sua licença) a informação que leva à crer que seria um segundo aquecimento pois a goma é “crua”. Quem sofre torra na fabricação é a farinha de mandioca não a goma usada para a tapioca.

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