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Mesmo sem ser um grande adepto do carnaval, não posso deixar de dizer que há anos não se via Natal com um uma festa tão bem organizada e tão alegre como foi a deste ano de 2015. Pois desde o lamentável acidente com bloco carnavalesco no Baldo, acontecido há dezenas de anos, quando um caminhão desgovernado ceifou vidas de muitos jovens da nossa sociedade, o carnaval havia migrado para as praias próximas, em sinal de luto. A partir de então muitos natalenses passaram a reclamar porque perdemos o elã e não se via mais aqui a euforia característica dessas festas momescas.

E foram vários os administradores municipais de Natal que tentaram, sem sucesso, ressuscitar essa festa popular entre nós. Todos falharam nesse intuito. A praia de Pirangi, na vizinha cidade de Parnamirim, passou então a aglutinar o que de melhor havia em nossa sociedade. Os veranistas adotaram aquela praia como o local ideal para demonstração da irreverência e da alegria nesse período de festas. O mesmo aconteceu em praias como Maxaranguape e Touros, por exemplo. E também no interior, com carnavais da melhor qualidade em cidade como Caicó, Assu, Apodi e Macau.

Este ano a administração municipal parece que acertou finalmente na melhor forma de realizar com sucesso essa que é considerada a maior festa popular do Brasil. Que começou lá no inicio da nossa formação de povo e nação, quando importamos de Portugal o chamado Entrudo. Uma maneira até inocente de se comemorar com irreverência os dias de folia. Com mela-mela nas ruas e charangas aglomerando o povo. E que, claro, mudou muito de configuração com o passar dos anos. Chegando hoje aos gigantescos blocos carnavalescos, às Escolas de Samba e similares.

Ao tempo em que é dever de justiça reconhecer o esforço da municipalidade, para realizar esse que se resolveu chamar de Carnaval Multi-Cultural, também o é, dar os parabéns ao Governo estadual por ter diminuído drasticamente a participação financeira oficial nos eventos que se realizaram no estado. Porque, se estamos com sérios problemas financeiros e sofrendo agruras como a terrível falta de chuvas, por exemplo, a contenção de recursos para essas festas soou como um bom indício de que a seriedade e o bom senso começam a imperar por aqui.

Natal fez o que tinha que fazer. Nunca se viu tantos turistas gastando dinheiro em nossa cidade. Nunca se viu os hotéis com taxa de ocupação de 100% num período de carnaval em nossa cidade. E o turismo, a meu ver a inquestionável mola mestra da nossa economia, só teve a lucrar com isso. E assim, distribuiu renda, fomentou empregos e aumentou a receita de milhares de pessoas menos favorecidas da sorte, que passaram a lucrar com seus estandes e suas barracas de comidas típicas, bebidas e adereços, costumeiramente vendidos na ocasião.

O Rio Grande do Norte deu exemplo ao resto do país de que a gastança pode ser minimizada, sem comprometimento do resultado final para essa época, que é a geração da alegria dos foliões. O Governo está realmente de parabéns. O que talvez não tenha acontecido em muitos outros lugares desse imenso Brasil. Mas não pretendo me ater a essa análise agora, pois isso já será tema para outras reflexões. O fato é que aqui as coisas aconteceram a contento. Por isso, a grande constatação: não se viu antes, entre nós, “tanto riso, tanta alegria”. E, ainda bem, sem os “mais de mil palhaços no salão”.

Nelson FreireEconomista, Jornalista e Bacharel em Direito

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