SOBREVIVENDO ENTRE TENTATIVAS E ERROS –

Nestes períodos de Pandemia e isolamentos, muitas coisas passam em nossas mentes. Revisões, compromissos, atitudes e muito mais. Por coincidências há uns três meses, comprei um livro de Dale Carnegie – Como evitar preocupações e começar a viver. Uma leitura muito  propícia para estes momentos de isolamento, sofrimento e medo. Veja como algumas escritas são eternas. O título original – How to stop worrying and start living, teve sua primeira publicação em 1944, em plena II Guerra Mundial e certamente ajudou muitas pessoas a trabalhar suas angústias e superar seus momentos de estresse. A preocupação excessiva provoca ou aumenta uma série de doenças, principalmente as autoimunes deixando sequelas mesmo após a resolução dos seus problemas. Carnegie sugere que se busque identificar e compreender a verdadeira raiz de suas preocupações com estratégias para soluções das mesmas. Três ações são fundamentais:

  1. Identifique a raiz de sua preocupação.
  2. Analise e compreenda os fatos, relacionando as alternativas e prováveis consequências.
  3. Tome uma decisão sobre o que deve ser feito e imediatamente haja.

Não perca tempo  nem protele a decisão, isso apenas aumentará ainda mais o problema e o estresse. Mesmo sendo muito difícil, tente colocar um limite em suas preocupações, não se permita olhar para trás, os fatos não deixarão de existir pois  já ocorreram.

Um caso ocorrido no hospital nesta semana retrata a preocupação de todos com a grave situação de conviver com o Covid-19. Perdemos um funcionário em função da complicação com o vírus. Na primeira reunião administrativa após o falecimento, toda equipe estava arrasada pela perda do amigo muito querido. Em função da dificuldade em acalmar grande parte da equipe, resolvemos iniciar com algumas palavras de estímulo. Luciano Luiz coordenador geral das unidades, durante a sua fala lembrou uma sena ocorrida no filme recentemente assistido “1917 com direção de Sam Mendes” Retrata a odisseia de 2 soldados Britânicos na I Guerra Mundial. Escalados para uma missão na linha de frente que salvaria a vida de 1.600 soldados tiveram de superar vários desafios físicos e emocionais. No meio do caminho um deles é abatido pelo inimigo e morre. O sobrevivente fica muito sofrido e deprimido com a perda. Diante da letargia do soldado e sabendo da importância da missão um sargento aborda-o dizendo “a guerra é violenta, se mata e se morre e para sobreviver e continuar lutando é fundamental não pensar. Não pense e continue com sua missão”. Imediatamente ele se recupera e conclui sua missão apesar de muitas batalhas difíceis e estressantes. Com essas e outras palavras de estímulo, carinho e solidariedade conseguimos acalmar e fortalecer o grupo.

Apesar de tantas evoluções científicas, a propalada quarta revolução industrial, a globalização e a liberação mundial de conceitos sociais e morais, fomos todos atropelados por um vírus cuja origem é duvidosa, se será ela espontânea ou manipulada. Como sairemos dela, além de saber que muitos não sobreviverão e a imprevisibilidade é uma realidade. A única certeza é, nada será como antes. Quando achávamos que tudo era normal, o normal é que era o problema. Temos que retornar com uma grande mudança dentro de cada um de nós, diminuído as diferenças, a inveja e o ódio, aumentando a solidariedade, o perdão e o amor. Abolindo o egoísmo, fortalecendo a humildade e a gratidão, resgatando a humanidade. Uma frase de William Shakespeare apesar de muito antiga, retrata esses momentos que o mundo convive com a Pandemia do Corona vírus “Que época difícil é esta, onde idiotas dirigem cegos”. Apesar de tanta tecnologia, de inúmeras Pandemias já vividas e passadas, nada aprendemos nem nos preparamos com as experiencias anteriores e assim vamos convivendo com tentativas e erros, pois ela passará. Quem viver verá.

 

 

Maciel Matias – Médico mastologista, [email protected]

 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Uma resposta

Deixe um comentário para josé narcelio marques sousa Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *