SOBRE ANSIEDADE E FÉ –

Qual de nós não se sentiu ansioso diante de uma enfermidade, do desemprego, de uma crise familiar, da violência que nos cerca ou dos desafios que temos de encarar no cotidiano? É difícil encontrar alguém que nunca enfrentou uma crise de ansiedade.

Refiro-me àquele sentimento de inquietação que causa uma reação exagerada a uma situação imaginada ameaçadora – não confundir a ansiedade com o medo, pois o segundo é a resposta a uma intimidação real ou perceptível.  A ansiedade é causadora de desagradável agitação interior, muitas vezes acompanhada por fadiga, falta de concentração e tensão muscular.

Pois bem, eu, um ansioso de carteirinha, li pensamento atribuído a George Müller (1805-1898), um missionário e evangelista inglês, dotado de uma crença inabalável na Bíblia, convencido de que, se aplicasse com seriedade as Escrituras, não haveria limites para conquistar o que pedisse a Deus em suas orações. Ele afiançou: “Onde a fé começa a ansiedade termina; onde a ansiedade começa a fé acaba”.

Em resumo ele quis dizer que ficar ansioso pressupõe a falta de fé. A curiosidade me induziu a procurar como se processava tão poderosa relação, haja vista eu não entender como associar minha fé a momentos de ansiedade. E vice-versa.

Sabemos que para retirar ou aliviar o indivíduo do estado de ansiedade existe medicamentação apropriada. Exercícios também são propostos para tentar elevar a produção de serotonina, substância que aumenta a sensação de prazer. Recorre-se, ainda, a ioga, a acupuntura e a homeopatia, tudo visando sanar o distúrbio.

Retornando com George Müller e sua confiança em Deus para enfrentar a ansiedade. Morando em Bristol, durante 20 anos ele albergou quase 2.000 crianças em cinco alojamentos, onde fornecia boa educação, roupa e comida. O trabalho dos Müller – George e esposa -, segundo relatos, foi o testemunho da providência divina ao suprir suas necessidades em todos os momentos de dificuldades.

A Bíblia não ensina que a falta de fé é a causa de todas as ansiedades. Acontece ser praticamente impossível não ficarmos ansiosos, até certo ponto, ante os percalços da vida. A Bíblia relata, sim, que fiéis de fé sólida ficaram ansiosos em alguns momentos da existência e, mesmo assim, Deus demonstrou compaixão e continuou usando-os em seu serviço.

O rei Davi escreveu: “Até quando terei ansiedades e preocupações, tristeza no meu coração todo dia”. Também é sabido, que a ansiedade esteve presente na vida de Paulo, um dos maiores apóstolos de Cristo. O que fazer para nos livrarmos da ansiedade uma vez que ela é presente tanto em homens de fé quanto em incréus?

Não restam dúvidas de que os níveis de ansiedade, na atualidade, extrapolam os convencionais como se vivenciássemos uma nova era do distúrbio. O que quis dizer Jesus Cristo quando afirmou: “Não fiquem ansiosos por causa do amanhã, pois o amanhã terá as suas próprias ansiedades” (Mateus 6:25, 34)?

Na verdade, os transtornos de ansiedade sempre existiram, só que na modernidade eles se estenderam para qualquer faixa etária ou classe social, ao ponto de ser considerado o “mal do século”. Se a fé ajuda a combater a ansiedade recorramos à fé. Porém, o essencial é acumular forças e meios para não permitir que ela fuja do controle e comece a dominar nossas vidas.

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor

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