SERÃO SINÔNIMOS? –

Pegamos a estrada para Campina Grande rumo a uma despedida. A estrada cheia de lembranças nos acolhe e nos encaminha não só ao destino esperado, mas também a um mar de reflexões sobre a vida e a morte. Uma estrada tão conhecida aos olhos e que, neste momento, se faz diferente, cinza, coberta de uma poeira sobre as memórias que insiste em sair e se afugentar, deixando crua a presença da ausência.

Penso se vida e morte são sinônimos. Muitos momentos acredito que sim. Vivemos na certeza da morte e morremos porque vivemos. Depois penso que sinônimo seria um termo mal aplicado, não coerente. Se não sinônimos, são complementos.

Complementos! Encontrei a palavra!

Como o fogo e a água se completam, o branco e o preto, o som e o silêncio… A morte e a vida seguem nesta dualidade, caminhando lado a lado e, num deslize, o ponto de encontro acontece. A vida se interrompe, a morte se apresenta.

E é exatamente neste ponto que temos a clareza do significado bruto de cada uma delas. Um ponto coberto de dor, de faltas, de ausências.

Um ponto, certamente, bruto, no sentido mais forte desta palavra.

A brutalidade da falta nos dá a delicadeza do significado que aquela pessoa tem para nós. A brutalidade da ausência que sufoca, amarga a boca e sai de dentro do âmago por todos os poros carrega em si a delicadeza da saudade, da falta do físico e do significado sublime do amor.
Porque este não morre e, ouso dizer, cresce com a dor…

 

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora

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