SER LEAL, SER FIEL –

Taí duas palavrinha, ambas com quatro letras, que promovem tamanha mistura de conceitos, a ponto de ser indagadas e, não raramente, termos como resposta: “Ser leal é ser fiel” e vice-versa.

Não temos como negar que ambas são fundamentais em nossas vidas, porém cada uma delas assumindo o seu significado.

Lealdade e Fidelidade apresentam etimologia distinta, significados ali no limiar da percepção, quase que semelhantes, no entanto com diferenças sutis.

Enquanto ‘Lealdade’ diz respeito aos princípios e regras que norteiam a honra e a probidade, ‘Fidelidade’ imprime característica do que é fiel, do que demonstra zelo, respeito por alguém ou algo; constância nos compromissos assumidos com outrem.

No filme “As Invasões Bárbaras” o enredo se dá em torno de um historiador, professor universitário em Montreal, que se encontra em fase terminal de um câncer, e de seu filho, administrador de riscos financeiros em Londres que tenta a todo o tempo proporcionar ao pai um final de vida melhor, com menos sofrimento. Para tal, utiliza-se de recursos não padronizados pela sociedade, contratando ex-alunos, amigos e ex-namoradas para passar o restante dos dias ao lado do pai, relembrando os tempos de vitalidade e conquistas da juventude.

Esse desenrolar chamou minha atenção para o papel da lealdade e fidelidade assumidas – ou não – pelos personagens parceiros do professor ao longo de sua vivência.

Antes de prosseguir na análise de comparar ‘Leal’ com ‘Fiel’, resolvi consultar um segmento de amigos com uma pergunta: “O que significa para você SER LEAL?”.

Vamos acompanhar as respostas?

΅É ser de confiança no maior nível de definição. É mais que ser fiel, que ser parceiro, que ser amigo. É ser tanto um do outro, como de si próprio.” (Ana Rabelo).

“Característica ética do indivíduo com o mundo (os outros).” (Geraldo Alves).

“É saber respeitar a cumplicidade que você tem com o outro, não transgredir aquilo que foi estabelecido na relação, qualquer que seja ela, para que não haja desgaste ou deterioração da relação.” (Soraya Morais).

“Ser leal é uma questão básica para a sustentação das relações humanas. Decisivo para um bom relacionamento entre as pessoas sejam esses familiares, afetivos, sociais ou profissionais. Se não existe lealdade não pode existir segurança no relacionamento, bem como na tomada de decisões entre os pares.” (Teresinha Micussi).

“É ser verdadeiro.” (Ismênia Cardoso).

“Lealdade é se manter “seguindo” alguém mesmo que não concorde 100% com o que ela diz ou faz, mas apenas por uma questão de decisão que pode ser pautada em sentimentos, conveniência ou idolatria.” (Kátia Ramalho).

“Não ser falso.” (Bernadete Galvão).

“É um sinônimo de amizade. A amizade pressupõe lealdade. Se você trai um amigo a amizade acaba nessa hora.” (Simone Rodrigues).

“Ser leal é uma atitude motivada pelo amor, com benevolência, com dignidade é verdade. É respeitar as próprias convicções com transparência e constância. Lealdade seria mais relacionado à moral, ao caráter.” (Dos Anjos Soares).

“É ser grato, justo, honesto e amigo, acima de tudo.” (Edvan Corcino).

“É ter coerência com seus princípios, respeitando o outro, tratando-o com amor e dignidade.” (Jorge de Castro).

“É seguir seus princípios, conforme você acredita. É valorizar e prestigiar algo que você gosta e lhe faz bem. É respeitar, com zelo e cuidado, um sentimento por alguém.” (Daguia Bezerra).

“Ser dedicada, sincera.” (Gerusa Soares).

“É ser correto, honesto, sincero, franco com o que pensa. Alguém que sempre cumpre com seus desejos, objetivos e sentimentos. Está no caráter, no senso de dignidade de uma pessoa, não é só um comprometimento físico, é emocional também.” (Kaline Ribeiro).

“É a promessa de permanecer leal ao longo de todas as mudanças que ocorrem em mim e no outro. Cito como exemplo Rute 1:16-17 e 2 Samuel 9:1 e 9:3” (Lenilda Emerenciano).

“Ser fiel aos seus valores.” (Adriana Santiago).

“É ser ético e procurar fazer para o outro aquilo que gostaria que lhe fosse feito.” (Isolda Josuá).

“É ter a cumplicidade da honestidade.” (Raimara Medeiros).

“É ser leal com si mesmo, com seus valores, caráter e seguir seu coração. Quem é leal consigo é capaz de reproduzir a mesma lealdade com os demais.” (Daniele Lisboa).

“É ter gentileza e sensibilidade com as pessoas que convivemos. Ser grato ao menor gesto de amor.” (Denise Araújo).

“Ser leal é seguir os ensinamentos de Deus, seguir o coração, fazer o melhor para o outro sabendo que não precisamos ter ninguém ao nosso lado para sermos leais, pois Ele tudo vê e tudo sabe.” (Veruska Borges).

“É respeitar o outro, honrar a palavra dada, estar junto em todos os momentos.” (Monna Ramalho).

“É ser sincera e respeitosa com o outro.” (Cristiane Neves).

“É ter princípios, compromisso com o outro, respeito.” (Eliane Peixoto).

“É ser sincero, íntegro e verdadeiro. Comungar com os mesmos princípios.” (Socorro Mesquita).

“Ser sincero.” (Wellington Reis).

Diante destas respostas, pelas quais agradeço , podemos de forma resumida dizer que “Lealdade” não exige acordos explícitos, mas manter a conduta por meio de regras pessoais estabelecidas naturalmente pelo seu caráter e senso de dignidade. Já a “Fidelidade” tem a ver com pacto, obrigação, compromisso com o outro.

Um destaque que foi bem ressaltado é que “fidelidade” está bastante ligado com a relação sexual com o parceiro, pela qual, uma vez quebrada, se configura uma “traição”.

Deu para perceber, também, que a ‘infidelidade’ pode ser ‘administrada’ conforme o contexto e os costumes atuais, porém a ‘deslealdade’ não encontra espaço para a reconciliação.

Estamos nós precisando de mais lealdade?

 

 

 

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