SENHORES POLÍTICOS, CUIDADO COM O MÊS DE AGOSTO! –

Apenas para refrescar a memória citaremos alguns episódios ocorridos na política brasileira no mês em curso. No dia 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Dornelles Vargas desferiu um tiro no peito no Palácio do Catete no Rio de Janeiro. Getúlio assumira o governo em 1930, através de um golpe de Estado – depôs o presidente Washington Luiz e impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes. Governou de 1930 a 1945 em 3 fases: de 1930 a 1934, como chefe do “Governo Provisório”; de 1934 até 1937 como presidente da república do Governo Constitucional, tendo sido eleito presidente da república pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; e, de 1937 a 1945, como presidente-ditador, durante o Estado Novo implantado após um golpe de estado.
Eurico Gaspar Dutra foi eleito e governou de 1946 a 1951, quando retornou pelo voto popular Getúlio. O que motivou o suicídio foi o atentado da Rua Tonelero contra Carlos Lacerda, quando o jornalista, retornando de um comício, se aproximava do seu apartamento no edifício à Rua Tonelero, 180. Os tiros disparados feriram o pé de Carlos Lacerda e mataram o major Rubens Vaz, no dia 5 de agosto de 1954. A investigação subsequente indicou como mandante do crime o chefe da segurança pessoal de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, apelidado de “O Anjo Negro”. 19 dias após o episódio, Getúlio se suicidou.
Por incrível que pareça cometeu suicídio no último dia 17, Getúlio Dorneles Vargas Neto, 61 anos, cujo pai, Maneco Vargas, também tirou a própria vida.
Jânio Quadros renunciou à Presidência, em 25 de agosto de 1961, por considerar inviável governar sob a Constituição de 1946. Ele não tinha apoio das esquerdas, do PSD e, muitas vezes, até da UDN. Jânio planejava voltar com o apoio do povo, num golpe branco que não vingou. Em meio a pressões dos militares e à campanha legalista comandada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, João Belchior Marques Goulart assumiu. A solução foi o parlamentarismo, negociado para garantir a sua posse, e com Tancredo Neves como primeiro-ministro. Com poderes reduzidos, Jango trabalhou pela volta do presidencialismo. Um amplo apoio também se firmava pelo “não” ao parlamentarismo no plebiscito: Carlos Lacerda, JK, Arraes e Brizola, por exemplo. Todos interessados em uma eleição em 1965, que não ocorreu devido ao golpe militar.
No dia 22 de agosto de 1976, o ex-presidente Juscelino Kubitschek morreu num acidente de carro na Via Dutra. No quilômetro 165 da rodovia, o Opala que o levava de São Paulo para o Rio ultrapassou a mureta divisória e bateu de frente num caminhão. Na época, a polícia chegou a investigar a hipótese de um ônibus ter batido de propósito na traseira do carro, dirigido por Geraldo Ribeiro. Porém, o motorista do coletivo acabou absolvido por falta de provas. Dois anos antes de morrer, JK recuperara seus direitos políticos, cassados após o golpe de 64, e pretendia voltar à vida pública. Para desgosto de multidões que choraram a sua morte pelo país, o sonho havia acabado. Em seu funeral, em Brasília, 300 mil pessoas se despediram do líder mineiro, cantando a música que marcara a sua vida: o “Peixe vivo”.
Miguel Arraes, Governador de Pernambuco, ocupando por três vezes o Palácio das Princesas, morre no dia 13 de agosto de 2005 aos 89 anos, de morte natural. No mesmo dia 13 de agosto morre seu neto, Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da república pelo PSB. Morre num acidente aéreo, quando o jato em que viajava caiu sobre um bairro residencial em Santos, São Paulo. Além dele, outras quatro pessoas morreram.
Um dos líderes do regime militar e seu primeiro presidente, o marechal Humberto de Alencar Castello Branco morreu em 18 de julho de 1967, pertinho de agosto, também num desastre aéreo. Na época ex-presidente (Costa e Silva o sucedera em março no Palácio do Planalto), Castello Branco estava no avião que se chocou com um jato de treinamento da FAB, em Fortaleza. O acidente ocorreu às 9h45m, quando o avião do governo do Ceará fora buscar o ex-presidente em Quixadá, na fazenda da escritora Rachel de Queiroz.
Mas, felizmente, o país está mudando: dois ex-presidentes da Câmara dos Deputados presos, um ex-presidente da República na iminência de ter o mesmo destino, um dos homens mais ricos do mundo além de preso está privado de usar a peruca. Algumas imoralidades continuam, sendo a mais esdrúxula e incompreensível a soltura dos marginais da JBS, o Wesley sem Ley e o Joesley, sem Jó. Hasta Martes!
Em tempo: em quase todos os idiomas os dias da semana representam os astros – segunda-feira, a LUA; terça-feira, MARTE; quarta-feira, MERCÚRIO; quinta-feira, JÚPITER; sexta-feira, VÊNUS; sábado, SATURNO; domingo, SOL.
Armando Negreiros – Médico e Escritor
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