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A partir de amanhã teremos uma semana que promete muitas surpresas no cenário politico brasileiro. A começar pela Câmara dos Deputados, onde o seu presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está com sérios problemas na Operação Lava-Jato por causa de suas contas na Suíça. Ao mesmo tempo, as preocupações também aumentam entre os assessores da presidente Dilma Rousseff. Isso porque Cunha está com a faca e o queijo nas mãos para decidir sobre a abertura do processo de impeachment da presidente.

Por todo este fim de semana o Deputado vem examinando os oito pedidos de impeachment que tramitam na Casa e que ele pretende despachar amanhã, terça-feira. Dentre esses pedidos está o que foi apresentado pelo jurista e ex-deputado Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, também subscrito pelo jurista Miguel Reale Júnior, e que foi encampado pelos partidos de oposição.

Cunha pretende rejeitar todos os pedidos, segundo a assessoria, porém, em negociação de bastidor com a oposição, aceitará o aditamento das “pedaladas fiscais” de 2015, que ultrapassariam R$ 40 bilhões, segundo auditoria do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU). Na semana passada, as contas de 2014 de Dilma Rousseff foram rejeitadas por unanimidade pela Corte pelo mesmo motivo. O desrespeito reiterado à Lei de Responsabilidade Fiscal seria razão suficiente para o enquadramento de crime de responsabilidade, de acordo com a oposição.

O Palácio do Planalto abriu negociações de bastidor com o presidente da Câmara. Na semana passada, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva (PT), tomou café da manhã com o opositor da presidente Dilma e ofereceu-lhe blindagem no Conselho de Ética da Câmara. A conversa do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), que visitou Cunha à noite, em sua residência oficial, teria sido na mesma direção. Com isso, Cunha teria condições de evitar a cassação por quebra de coro parlamentar, em razão de ter negado a existência de contas na Suíça, bastando o Conselho de Ética engavetar o pedido.

Tanto o governo como a oposição negociam com Cunha nos bastidores. Mas as coisas estão se complicando. A oposição se viu obrigada a pedir o afastamento de Cunha em nota divulgada no sábado. Mesmo assim, está sendo criticada por não subscrever oficialmente representação contra ele no Conselho de Ética. No PT, a situação é parecida, pois a maioria da bancada ameaça se rebelar contra a orientação do Palácio do Planalto de blindar Cunha. A dissidência começou com 17 deputados que subscreveram a representação ao Conselho de Ética.

O clima na Câmara é muito ruim para o governo. Segundo pesquisa divulgada pela empresa de consultoria que monitora o Congresso, 51% dos deputados acreditam na abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O percentual é suficiente para que isso ocorra, pois bastaria maioria simples, com quórum mínimo de 257 deputados em plenário, a favor da apreciação do pedido de Bicudo e Reale, mesmo que Cunha despache contra. Por isso, o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), classificou como “decisiva” esta semana.

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