SE PRECISO FOR, TROQUE DE SONHOS –

Sempre gostei de vislumbrar um mundo maravilhoso (em toda a sua essência) e, nele me inserir nas mais mirabolantes aventuras. Porém, quando expressava verbalmente tais ilusões, a voz da “consciência” emanada do sentimento da saudosa e querida mana Rejane, ressoava o refrão: “Sonha Marcelino!”.

Tal expressão, tá lá na música tema do filme (1955) “Marcelino, Pão e Vinho”, visto por quase todos os meninos buchudos – ainda hoje, da época em que brincávamos na calçada, tomávamos banho de chuva e éramos descompromissados pela tamanha carga que o futuro nos imporia.

Bem, e quem era esse Marcelino?

Marcelino (Pablito Calvo) era um bebê órfão que foi deixado na porta de um mosteiro e como tal foi adotado e criado pelos monges. Bem cuidado, educado com padrão religioso de obediência e respeito, brincava por todas as dependências do mosteiro, desde que não subisse no sótão.

Claro que essa proibição despertou em Marcelino uma curiosidade nata de todo o ser humano. Ademais, ele não tinha coleguinhas, nem a figura da mãe para dispersá-lo para outras atividades que o fizesse esquecer o vigiado sótão.

Um dia ele não “aguenta” e sorrateiramente vai ao “lugar proibido” e encontra um amigo especial: uma imagem de Jesus crucificado. Passa então a levar diariamente pão e vinho para o amigo. O “novo” amigo retribui a bondade de Marcelino, lhe concedendo um desejo do fundo de seu coração.

Marcelino mantém uma fiel amizade com Cristo crucificado. Em retribuição Jesus pergunta a Marcelino o que mais ele desejaria. E como todo menino que anseia o colo materno, responde: Eu só queria ver a minha mãe e a também a Sua. Jesus o faz adormecer e Marcelino sonha.

 Então, a música (segue um pequeno trecho) tema do filme ecoava:

“Sonha, sonha Marcelino,
Já começa a clarear,
Doze santos cuidam teu dia,
Guardam tu’alma contra o mal,
Marcelino bom menino,
Já chegou teu despertar,
Doze santos cuidam teu dia,
Guardam tu’alma contra o mal,
Marcelino pega a toalha,
O sabão e vai se lavar.”

Na verdade o sonho de Marcelino se realizou e ele recebeu do Cristo – liberto da crucificação, o carinho e o amor peculiar de Jesus.

É injusto dizer que “Sonha Marcelino” é algo impossível. Pois em seus sonhos de criança pura e afável ao coração grandioso de Jesus, ambos se realizaram.

Cada um de nós têm sonhos que se perderam no caminho. Sonhos que mudaram conforme as circunstâncias da vida.

Virou chavão dizer: ‘Não desista de seus sonhos’. Mas, isso não é a premissa maior, para se alcançar um objetivo. Quantos não trocaram, naturalmente, de sonho para outro, adequando os meios a uma realidade plausível para alcançar o patamar possível.

E olhe que Deus sabe muito bem qual o melhor sonho para cada um de nós.

Um dos meus sonhos era singrar os céus, mas o Pai, na Sua infinita sabedoria, me proporcionou pilotar outros ares e, assim aconteceu com outros sonhos.

Portanto, não tenha medo de mudar a sua rota, desde que ela chegue sempre ao topo do bem.

Se preciso for, troque de sonhos, mas, em hipótese alguma permute sua dignidade por um pesadelo.

Assista ao filme. A cena com Jesus é grandiosa. Quem sabe, você, tal como Marcelino, não faz Jesus sorrir e orientá-lo na retomada de seus sonhos!

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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