SAUDADES DA MINHA INFÂNCIA – 

Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais.” – Bonitos versos do poeta Casimiro de Abreu, mamãe gostava muito, e às vezes lia para os filhos.

Tenho saudades da minha infância, era feliz. Fazíamos um trio harmonioso, eu e os irmãos Liege e José Maria. A pouca diferença de idade fazia com que houvesse um bom entendimento entre a gente. Brincávamos como crianças, carrinhos, botes, casas de bonecas e uma charrete puxada por um carneiro, não havia computador nem celular, nem televisão, era um mundo diferente. Sim ia esquecendo, não existiam tantos homens públicos corruptos, embora naquela época já se ouvia. “Varre, varre vassourinha, varre, varre a bandalheira,” música da campanha de Janio Quadros em 1960. A justiça era confiável, a gente sabia o passado, o presente e o futuro, isto se falarmos dos nossos direitos civis.

Sinto saudades da infância. Aprendi com meu pai que não tinha o bom nem o mau ladrão, pois sempre dizia – filho, ladrão é ladrão, são todos iguais. Sempre me ensinou “quem mente rouba”, portanto procuro seguir os seus ensinamentos; Mas às vezes ouvia e ouço uma voz nos meus ouvidos dizendo – “você está sendo burro, não ensine isso as suas filhas e netos, pois, eles vão sentir durante a vida.”

Não sei se essa voz é do capeta ou do meu “anjo da guarda”, pois, às vezes tenho momentos de fraqueza e vejo que me causa revolta ser honesto.

Mas por quê? Porque a nossa justiça que deveria ser o pilar mais forte da nossa sociedade se encontra envolvida com problemas éticos e morais.

 Auxílio Moradia para quem tem imóvel na cidade onde trabalha, sei sim que é legal, mas para mim não é ético.

O STF – Supremo Tribunal Federal virou um picadeiro de circo, oferecendo espetáculos chulos, quando o povo esperava e espera espetáculos de grandes magnitudes.

“A mulher de Cesar não basta ser honesta, deve parecer honesta.” Não é esta a opinião que o cidadão comum tem da nossa justiça.

Para se ter uma idéia, tenho um precatório para receber há vinte e cinco anos, hoje sou o número 1980 na lista, não é uma vergonha? Será que meus bisnetos quando tiverem noventa anos vão receber? Por que o cidadão comum, honesto, não tem o mesmo privilégio que teve o Lula no julgamento do seu HC? É pecado ou crime ser honesto?

Tenho vergonha e tristeza do Brasil atual, por isto, “vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei, aqui não sou feliz.” Aqui pouco posso fazer para mudar esta situação que vivemos.

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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