ROMEO Y JULIETA –

Enfim, comecei a ler um livro em outra língua! Era uma de minhas promessas antigas a mim mesma. Tudo bem que prometo milhões de coisas e nem sempre cumpro. Prometi correr uma São Silvestre e nem mesmo corro 100m na rua! Prometi largar os doces e fico em um romance conturbado com chocolates e doces de leite: vamos e voltamos inúmeras vezes e decidi assumir minha dependência química por eles. Prometi parar de comprar material de papelaria e nesta semana chegaram três cadernos pelo correio, resultado de uma compra virtual.

Nem sempre podemos vencer!

Mas, o tal livro em outra língua é uma vontade antiga. Já havia lido um livreto em espanhol mil vezes para os filhos pequenos, mas gostaria de ler um livro “de adulto”.  Temos o hábito de, ao viajar, comprarmos algum livro e, assim, um pouco antes da explosão pandêmica no Brasil,  nós viajamos para Buenos Aires. Em meio a livrarias como a Atheneu, belíssima por sua arquitetura e ponto turístico obrigatório, nosso passeio preferido é na livraria d’Avila, a primeira da América – ou do planeta, como eles sempre me corrigem. Uma livraria extremamente acolhedora, com livros “fora da caixa”, aqueles que não imaginamos encontrar por aí.

Longe do que acontece nas grandes livrarias, com torres dos MESMOS livros dos MESMOS autores, lá você encontra um ou dois exemplares deste e daquele livro. Passear lá dentro é uma alegria! Folhear aquelas raridades e olhar as placas distribuídas por todo recinto, além de paquerar uma escada caracol muito antiga é, para mim, uma delícia.

Ao sairmos de lá ganhei o presente: Romeo y Julieta. Flavinho me deu. Já havia lido a obra em português e esperava o momento oportuno para me deliciar com este presente. Passaram-se três anos e aqui estou eu, lendo-o avidamente, marcando palavras desconhecidas e as procurando no tradutor, redescobrindo Shakespeare e suas entrelinhas.

Pagando mais uma promessa feita a mim mesma! Como é bom!

Sobre a São Silvestre, sinto que ficarei devendo. Assim como minha libertação dos doces. Mas outras promessas deverão se cumprir e me proporcionarão a feliz recompensa de me recompensar com a superação dos desafios.

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora

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