REVIRANDO AS GAVETAS –

Tempo chuvoso, sem coragem de sair de casa, resolvi mexer nas minhas gavetas. Para minha surpresa encontrei livros, bilhetes e jornais antigos que me levaram de volta ao passado.

Passando vista leio nos anúncios do Diário de Natal. “VENDE-SE OU TROCA-SE – Por um veículo uma casa de construção nova, toda em tijolo situada no bairro de Petrópolis – Tratar com Jorge Mário o Rua João Pessoa 149.” Para quem não se recorda Jorge Mário foi uns dos primeiros fotógrafos famosos de Natal;

No mesmo jornal, leio a manchete em destaque; Movimento em torno da instalação de uma Biblioteca Pública no Alecrim.  Mais abaixo “Outras campanhas: ajuda aos detentos e aos cegos, instituição de prêmios para estudantes superiores e secundários e restauração do “Parque Manoel Felipe.”

Isto foi o resumo da ata de uma reunião do Lions Club de Natal, onde a matéria destaca – Na sua exposição, o Dr. Antonio Freire que através de uma campanha entre os homens de boa vontade poderiam ser obtidos os melhores resultados. Citou o exemplo do Sr. Clodoaldo Leal proprietário da “Farmácia Natal”, que num movimento entre amigos em remédios e outras utilidades arrecadou mais de 80 mil cruzeiros para os detentos. Sobre a restauração do Parque Manoel Felipe (hoje Cidade da Criança) diz a matéria – A restauração do antigo parque Manoel Felipe, em cuja campanha se empenha o Lions e o Rotary Club de Natal, voltou ser objeto de apreciações. Falaram sobre o assunto o eng. Wilson Miranda, leão e Presidente da Comissão de Obras e o eng. Floro Doria convidado do club que fez interessante exposição. (Não tenho a data da publicação do jornal).

Na edição de um domingo 25/08/74 a manchete é: Carne de sol, de simples “tira-gosto” aos guias gastronômicos do mundo. A matéria descreve sobre dois restaurantes famosos naquela época, as Carnes de Sol, do Marinho e do Lira ambos localizados no bairro das Rocas.

Sobre o Lira existem muitas estórias e historias que ficaram no folclore potiguar.

Certa vez, num almoço informal, um senhor alto, forte e com sotaque diferente, distraidamente colocou uma perna num canto da mesa. Lira imediatamente levantou-se do seu local e disse: “Tire a perninha daí, que foi feito para pratos”. O freguês distraído era o então Ministro dos Transportes Mário Andreazza.

Um dos filhos do Lira, pequeno, tinha a mania de colocar pedrinhas de gelo no colarinho das pessoas. Ao colocar na blusa de uma senhora, o grito assustou a um senhor ao lado, que chamou a atenção de Lira. Lira chamou o garoto bruscamente e quando todos esperavam uma repreensão, declarou: ”Carlinhos, eu não já lhe disse para não pegar em gelo que você está gripado, menino”.

Publicou em uma quinta feira 28 de novembro de 2002 esse O Jornal de Hoje, matéria escrita pelo Dr. Odilon de Amorim Garcia intitulada. “Memórias do Grande Ponto” passo a transcrever alguns trechos.

O Grande Ponto era uma encruzilhada, situada entre ente a Avenida Rio Branco e a Rua Pedro Soares, que depois da Revolução de 30 mudou o nome para Rua João Pessoa. Em cada esquina desta encruzilhada em que os seus freqüentadores possuíam uma alegria espontânea, alegria redundante de quem sabe gozar a vida.

Mas adiante descreve: “Passei a conviver, diariamente com a intensa movimentação do Grande Ponto. Só trabalhava até as 17horas, pois nesse horário começavam a frequentadores assíduos, amigos e conhecidos, para as conversas e as novidades do dia. Havia tempo para tudo. Principalmente o encantamento por uma cidade e os delírios de uma mocidade cheia de sonhos que se tornava grande aos nossos olhos. Estavam sempre presentes as figuras mais expressivas de uma geração: Armando Fagundes, Rossine Azevedo, Rômulo da Fonseca Miranda (Rômulo Minha Gata), Genar Wanderley, Alvamar Furtado de Mendonça, Humberto Nesi, Protásio Mello, Luiz Tavares, João Cruz, Carlos Bening, João Cláudio Machado, Zé Herôncio, Djalma Maranhão, João Alfredo Pegado Cortez (o conde de Miramontes) Carlos Moura Jahir Navarro e outros citados’.

Vejo na Tribuna do Norte edição de 30 de agosto de 1995, uma reportagem sobre o aniversário da Confeitaria Atheneu escrita por Airton Bulhões na qual ele cita: “A Confeitaria Atheneu está em festa. Só poderia ser mesmo a Confeitaria – reduto tradicional de empresários, profissionais liberais e quem não tem o que fazer porque já alcançou os proventos da aposentadoria, esta completando um ano nas suas novas instalações. Como já está virando tradição os “Confeitaristas” vão promover no próximo dia 16 um “sarau” com a presença de um grupo de pagode das 13 às 16 horas e a partir daí carnaval com a Banda do Siri.

Ainda restam muitas coisas para se contar, então fica para próxima vez.

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

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