RÁPIDAS –

 História engraçada é como discurso, para agradar tem que ser curto, rápido e objetivo. Vejamos algumas dessas pérolas.

Problema na uréia

Há certos pacientes que gostam de exibir conhecimento médico e começam a falar termos que não têm nada a ver. Chegou uma paciente para Hiram Paiva, urologista, e foi logo adiantando:

– Doutor, eu estou com um problema sério na uréia.

Hiram, aprofundando a anamnese, pergunta com ar de cumplicidade:

– E a creatinina, como vai?

 Ah, doutor, essa está cem por cento.

Movido à inteligência

Mais uma do amigo anestesiologista Edmilson Chimbimba, de João Pessoa. O episódio se deu no governo, com licença da má palavra, Collor de Melo, quando foi autorizada a importação de carros. Um dos primeiros a aparecer em João Pessoa foi o Subaru. O slogan do automóvel estava bem à mostra, num adesivo: “movido à inteligência”. Chimbimba pergunta de quem é o carro e, ao ser informado que era de colega conhecido por não ter lá essas inteligências todas, comentou sem perda de tempo:

– Carrinho econômico esse, hein?

O proprietário, ratificando o que a comunidade pensava a respeito da sua capacidade intelectual, confirmou que realmente o carro era muito econômico.

Muito ruim

Expedito Fernandes Gurgel, faleceu em 08 de março de 2002, aos 43 anos de idade. Esse foi, sem dúvidas, um dos colegas mais inteligentes e espirituosos que conheci. Tem feito uma falta danada. Para ele não havia tempo ruim, o bom-humor era a sua principal característica. Não esquentava com nada, tinha uma saída para tudo. Conversando na Associação Médica, falou-se na nomeação de um colega para a presidência de uma instituição. Expedito, precipitadamente, fez o seu comentário:

– Muito ruim!

Várias caras se fecharam e o ambiente ficou pesado. Expedito, percebendo que a maioria dos que estavam ali era amiga do nomeado, não perdeu tempo:

– Ruim pra ele que vai ter que descascar aquele abacaxi, vai se desgastar com os colegas, vai perder o seu precioso tempo, sem o devido reconhecimento e sem a merecida remuneração…

Foi um alívio geral.

Flatulência demonstrável

Há mais de vinte anos, o velho INPS, depois INAMPS, depois SUS, apesar de prover toda a assistência médica à população e de representar o principal mercado de trabalho para os médicos, enfrentava dificuldades em algumas áreas, onde havia poucos especialistas.

Costa Neto, endocrinologista, havia pedido para retirar o seu nome, pois devido ao excesso de demanda não lhe sobrava tempo para atender aos pacientes da previdência. José Mário Gurgel, coordenador da assistência médica do INPS, liga para Costa Neto e faz um apelo dramático, em nome da sua formação humanística, do seu sentimento social, etc. Costa Neto acabou acedendo.

A primeira paciente a entrar no consultório, que, talvez devido ao hipertiroidismo, estava extremamente logorréica, foi logo dizendo:

– Doutor, eu tenho soltado uns flatos terríveis… eu mesma, que sou a dona, não aguento o mal cheiro… para o senhor não pensar que é brincadeira, eu vou soltar um aqui para o senhor sentir a gravidade da minha doença… – e, quando foi levantando a perna, Costa Neto interrompeu:

– Um minutinho, minha senhora, um minutinho pelo amor de Deus – pegou o telefone e ligou para o INPS – Alô, José Mário, corta o meu credenciamento imediatamente, imediatamente… Vá fazer isso lá fora, minha senhora, aqui não, de jeito nenhum, corta Zé Mário, corta o meu credenciamento, em caráter irreversível… Vá soltar a sua bufa lá fora, minha senhora, pelo amor de Deus, aqui dentro não…

 

Armando Negreiros – Médico e Escritor
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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