QUADRILHA – 

Uma coisa legal de morar perto de escola infantil (mas, não tão perto!) é ouvir os ensaios para a quadrilha junina. São aqueles poucos momentos de resgate da música nordestina raiz e a sensação do tempo não ter passado. Quando menos espero, lá estou eu dançando ao lavar a louça enquanto respondo aos comandos: olha a cobra (ahhh), é mentira (uhhh), anarriê e alavantu!

Lembro de minha época de escola e de tantos casamentos juninos onde fui noiva (sempre amei isso!) e me pergunto onde tantos maridos vivem hoje. Alguns eu reencontro por acaso pela cidade e outros foram embora de Natal, tendo notícias esporádicas pelas redes sociais.

Achava lindo meu vestido branco cheio de laços azuis, que foi utilizado enquanto coube, sendo repetido nas fotos por alguns anos consecutivos.

Volto a um copo com detergente e paro para pensar se as crianças de hoje em dia também sentirão saudade desta época. Será que se lembrarão das letras de Gonzagão e Dominguinhos perfeitamente ou se apenas terão fotos e vídeos gravados em celulares mostrando qual vestido era mais rodado ou qual cabelo ou maquiagem foi feito neste ou naquele salão famoso?

Gosto (ainda!) das roupas juninas vendidas nas barracas de rua espalhadas pela cidade, do xadrez vermelho e preto mais comum nas camisas de botão, das chitas coloridas encontradas nas saias, vestidos e toalhas de mesa (a mesma estampa!). Gosto da simplicidade da época, das comidas de milho, dos estalinhos e das fogueiras (não vi nenhuma este ano!).

Mesmo tentando o resgate das nossas origens, acho que estamos indo para um caminho tão diferente…

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora

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