O ativista russo Alexei Navalni conseguiu ontem chamar ao ser preso juntamente com pouco mais de mil manifestantes. Eles atenderam a seu chamado para protestar contra a posse do presidente Vladimir Putin, marcada para a próxima semana. O que se procura saber é se o evento do sábado ficará isolado ou, como em 2012, vai gerar uma onda de insatisfação contra o líder russo. Um total de 574 dos 1.029 detidos em 19 cidades russas eram de Moscou, inclusive Navalni. Como ele não tinha autorização para fazer o comício na praça Pushkinskaia, foi detido antes de começar a falar. A forte presença policial sugere que as autoridades estavam preocupadas com a potencialidade das manifestações, pouco mais de um mês antes da abertura da Copa do Mundo de futebol na Rússia. O país, que está em crise diplomática com o Ocidente, desde o envenenamento de um ex-espião russo na Inglaterra, estará no centro das atenções do mundo por um mês.

As autoridades municipais haviam proposto três pontos para que Navalni promovesse seu ato, só que ele não aceitou por serem menos evidentes que a praça. A tática de enfrentamento visava, como das outras vezes em que liderou protestos, garantir o máximo de exposição midiática à sua inevitável prisão – ele deve ficar detido por até um mês, e depois será solto, como nos grandes atos que comandou em 2017. O que não parece ter dado certo para Navalni, que é advogado e blogueiro, foi o escopo de seu ato. Ele queria repetir os dois superprotestos de 2017, quando dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em várias cidades russas. Agora, a concentração maior foi mesmo em Moscou. Houve detenções em lugares distantes, como Krasnoiarsk (Sibéria), mas não eventos em centenas de cidades ao mesmo tempo. O ato com o mote “Ele não é nosso czar” visava criticar a posse de Putin, que ganhou um quarto mandato no Kremlin com 76,7% dos votos em 18 de março.

Foto: OLGA MALTSEVA/AFP/JC

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