PRIMEIRA SEMANA –

Dia 06 de janeiro e acendo pela última vez as luzes de nossa árvore de Natal. Os sentimentos se embaralham dentro de mim, como as cartinhas do jogo que aprendi no veraneio, Dixit. De fora, ninguém conseguiria ler o que passava em meu coração, enquanto eu olhava o piscar preguiçoso das luzes brancas.

Acende.

Apaga.

Acende.

Apaga.

Quanta coisa aconteceu desde o primeiro momento que ela iluminou a sala até este, onde se prepara para voltar à caixa e se guardar por mais longos meses! A doce alegria dos dias se passando sem grandes novidades, numa rotina reconhecida, a qual – pasmem! – às vezes tentamos fugir, porém, no fundo, sabemos que nos dá uma segurança imensa.

Acordo no dia 07 com a certeza de que devo retirar toda a decoração de Natal, mas fico procrastinando, com a desculpa do trabalho e de não lembrar como estava a casa antes do período natalino. Na verdade, ter alguns pequeninos presépios na sala me dão a certeza de que Cristo está renascendo dentro de mim constantemente. Eles me recordam que o tempo é fugaz, qual como líquido não conseguimos segurá-lo nas mãos. Mas, que preciosidade!, um Menino me sustenta e acaricia meus sonhos. Preciso realmente olhar para eles para sentir a gratidão que emana do céu? Ao responder esta pergunta, levanto-me, pego a caixa onde se lê NATAL, com a caneta piloto já quase apagada, começo a guardar cada enfeitinho simples e significativo e descubro, com grande alegria, um saco de jujuba ainda pendurado na árvore. A gargalhada da surpresa ressoa pela casa.

Pequena surpresa.

Doce surpresa.

Grande surpresa.

Porque as coisas e acontecimentos tornam-se grandes ou pequenos diante do valor que damos…

 

 

Bárbara Seabra – Escritora

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