AB ADAUTO MEDEIROS
Durante a Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos da América construíram a maior base área fora de seu espaço geográfico. Era necessário fazer isso para consolidar as forças democratas que lutavam contra o nazi-fascismo a partir de 1940. Pois bem, Natal, capital do Rio Grande do Norte foi, na época, a cidade escolhida para receber essa espécie de HUB militar dos americanos. E eles optaram por Natal, por alguns bons motivos, entre os quais podemos destacar o de ser Natal, o lugar mais próximo entre o Brasil e a África, fato que permanece até hoje.
Ora, podemos nos perguntar se a maior potência do mundo, em termos econômicos, bélicos, políticos, sendo a primeira democracia (só escreveu uma Constituição e que nunca foi revogada) do mundo moderno, chegou à conclusão, através de estudos técnicos de que Natal era estrategicamente a melhor cidade para instalar o HUB militar, isso em 1940, insisto, podemos nos perguntar se os Estados Unidos da América estavam errados? Estavam?
O tempo e a história provaram que não. Os americanos sabiam que todas as condições técnicas para escolher Natal como sede do HUB militar era as melhores. Melhores condições sob o ponto de vista técnico, operacional e financeiro.  E escolheram Natal.
Hoje o mundo, felizmente, não vive mais uma guerra mundial, mas o nosso país, em especial o Nordeste, vive um momento impar em que tem que optar por escolher qual a melhor cidade do Nordeste para ser a sede de instalação do chamado HUB da Tam, ou melhor, HUB da Latam (união das empresas de aviação da TAM e da Lan).
Mas o que é o Hub da Tam? Trata-se de um grande Centro de Conexões de voos, cujo objetivo é ampliar a atuação das empresas do grupo em voos entre a América do Sul e Europa. Estão hoje disputando a localização do Hub, as cidades de Natal, Recife e Fortaleza, em que a escolhida deverá atrair investimentos de mais de 1 bilhão de dólares. A decisão deverá ocorrer até dezembro de 2016.
Entendemos que Natal reúne as melhores condições técnicas, operacionais e financeiras para atrair esse investimento. Não tenho dúvidas. Se as condições para a escolha residir numa visão técnica, operacional e econômica, Natal representa a melhor escolha. Sei, no entanto, que essas decisões podem ter também o cunho político. Não deveria. Mas pode.
Em 1940 os Estados Unidos não decidiram pelo Hub militar pautado em questões políticas e sim questões de ganho financeiro, ganho operacional e ganho militar. Entendo que se a solução encontrada for política, estará sendo gerado um enorme prejuízo a Cia que explorarão os serviços do Hub no Nordeste.
Entendo também que Natal continua sendo o polo mais viável economicamente para servir de palanque para transportar e receber cargas dos países da Europa, da América do Sul, da África e mesmo dentro do próprio Brasil. Qualquer voo de carga vindo da Europa é mais econômico pousar em Natal e a partir daqui transferir para o restante do país. Ganhamos em tempo e em dinheiro. E penso que qualquer decisão que envolve empresa privada, esses fatores são os mais importantes.
Natal hoje dispõe de uma infraestrura privilegiada com a criação do novo aeroporto Aluízio Alves, localizado na cidade de São Gonçalo, colocada a Natal. E mais: com possibilidade imensa de crescimento e desenvolvimento. Portanto, instalar no moderno e amplo aeroporto Aluízio Alves irá garantir o privilegiado ponto de conexão para transferir os passageiros para o destino pretendido, como para transferir cargas.
Alia-se a estes dados, um outro que foi o fato do governo do Estado do Rio Grande do Norte já dispor de ICMS reduzido sobre o querosene de aviação.
Para finalizar acrescento que recentemente o governo brasileiro fez a escolha de instalar o Hub dos Correios, levando em considerações avaliações técnicas, econômicas e financeiras, no Rio Grande do Norte. Se essas condições se mostraram mais adequadas, por que não o mesmo com o Hub da LaTam?
Não acredito que possamos cair em um obscurantismo retrógrado como opção, ao invés de pautarmos por uma escolha correta levando em considerações informações e questões técnicas e econômicas. A história já provou ser este o melhor caminho.

Adauto Medeiros – engenheiro civil e empresário[email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *