LIÇÕES DE COMO SE FORTALECER A DEMOCRACIA – 

Exercitar a democracia é um ato permanente de resiliência. É preciso humidade franciscana, paciência de monge e destreza de trapezista. Aceitos esses valores, buscam-se a elegância no resultado eleitoral e o equilíbrio na postura política. A tarefa exige tanta determinação partidária e pessoal, que deveria se ter uma escola para formação de democratas, como antídoto para aspirantes de autoritários. Tudo em nome das instituições que sustentam e preservam os pilares de interesses tão distintos.

As históricas lições da tradicional democracia norte-americana não se inspiram apenas nas teses do institucionalismo. A essência do exercício democrático está também no informalismo funcional. Através desse último é que se praticam a tolerância com o contraditório e o pacto de convivência. Tudo operado sem ódio e beligerância. Sem que se prove a existência de algo melhor é assim que um sistema político se consolida. Com partidos fortes, para que ajam como guardiões da democracia.

Os discursos de ontem de Joe Biden e Kamala Harris foi uma espécie de “volta à normalidade”. Não pelo fato em si de uma vitória que se anunciava necessária pelos riscos democráticos, depois da descompostura ultrajante de um Presidente que nunca admitiu perder. Certamente que, muito mais, pela elegância no fechamento do embate eleitoral e pelo equilíbrio na mensagem transmitida pelos eleitos. Elegância de políticos que sempre estiveram preparados para aceitar as regras do jogo, independente do resultado. Equilíbrio de líderes que precisavam recuperar a boa imagem da arte política, com espírito de empatia, diálogo e união.

A noite de ontem representou um marco civil que entrou para a História. Pela experiência e ponderação política de Biden. Pela empatia e liderança popular de Kamala. Foi a superação de um clima temerário de manutenção de soberba e autoritarismo. Enfim, instaurou-se a cura do obscurantismo, com doses certas de humildade e democracia, em respeito a liberdade e diversidade.

Que esse resgate das lições democráticas de Joe e Kamala propicie que os ventos sigam na direção de um mundo melhor. Com equilíbrio e respeito entre os diferentes.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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