O GTDN e suas consequências –

Os pormenores da estratégia de Desenvolvimento implantada por Celso Furtado à frente do CODENE (1959) e da SUDENE (1959/64) foram consequências do  chamado documento do Grupo de Trabalho para Desenvolvimento do Nordeste). Percebe-se que da redação final do relatório “Uma Política para o Desenvolvimento do Nordeste” até seu livro “A Operação Nordeste”, Furtado enfrentou um longo e virtuoso processo, onde couberam  importantes decisões políticas, sempre respaldadas por JK e Jango.

De fato, ele tinha a consciência da importância politica. As questões técnicas nos seus aspectos econômicos e sociais estavam dadas com muita clareza. Afinal, com os efeitos devastadores da Seca de 58 ficaram evidentes a fragilidade do modelo econômico regional e o drama social decorrente. Um problema estrutural para o qual cabia a intervenção governamental, na forma de um plano de desenvolvimento que revisse o modelo agrário (sem monocultura + fronteira agrícola expandida) e promovesse a industrialização. Com a proposição desses novos fluxos de rendas e empregos, ter-se-ia em conta o que predizia o diagnóstico do GTDN. A decisão política seria então executar o plano com base nesse diagnóstico.

Sem que houvesse uma ação mais focada na formação educacional da população e plenamente amarrado a um modelo de incentivos fiscais, para o qual se dirigem questionamentos a respeito do vetor resultante de impactos gerados ante os custos das renúncias, sobram discussões para o próximo texto.

COMÉRCIO EXTERIOR> As relações comerciais entre Brasil e EUA não registraram o mesmo ânimo que tanto se propala no contexto político, com base nas coerências ideológicas das partes. Dados recém-anunciados pela Amcham Brasil revelaram uma queda de 25% nesse comércio bilateral, em relação a igual período em 2019 (janeiro a setembro). O pior resultado desde a crise econômica de 2009. Além do efeito evidente da crise sanitária, somam-se a queda no preço do petróleo e a sustentação de algumas restrições comerciais, como o caso da siderurgia. Com essa configuração adversa, a tendência é que o Brasil registre o maior déficit comercial com os EUA dos últimos cinco anos. No contexto atual, a balança entre ambos registrou um saldo negativo de US$ 3,1 bilhões, desfavorável ao Brasil.

ALGORITMOS> Informações de consultores especializados em tecnologia e inovação dão conta de um crescimento neste ano de 12% nos investimentos em inteligência artificial. Saúde, Agricultura e Finanças foram os setores que mais apostaram nessa forma de inovação.

ERRATA>O colega economista Marcos Formiga, que do DF me honra com a leitura desta coluna, chamou-me a atenção por um ato falho que cometi, no conteúdo anterior. Na verdade, para assumir a condição de primeiro ministro do Planejamento no Brasil, Celso Furtado não deixou a Superintendência da SUDENE. Apesar da condução da autarquia por parte do Adjunto Chico Oliveira, Furtado acumulou às funções, mas logo retornou ao Recife e reassumiu o cargo.

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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