PONTA NEGRA VS COPACABANA –

Li, na imprensa, recente depoimento do prefeito de Natal acerca da obra em execução na praia Ponta Negra, visando obstruir o avanço do mar ante o risco de comprometimento da estabilidade do principal ponto turístico e cartão-postal da capital: o Morro do Careca.

O mandatário municipal vê dificultadas às ações planejadas pelo poder executivo, para a orla daquele balneário, devido exigências de órgãos de proteção ambiental. Justo, muito justo o papel da instituição fiscalizadora, desde que avaliados os prós e os contras, as possíveis consequências maléficas, mas, primordialmente, os benefícios decorrentes dos melhoramentos produzidos em prol da comunidade, como um todo.

Lembrarei aqui, o exemplo do bairro Copacabana e da praia do mesmo nome, no Rio de Janeiro. Em março de 1971, último dia da administração do governador Negrão de Lima, foi inaugurada a Nova Praia de Copacabana: alargada e urbanizada após haver avançado 80 metros mar adentro, em toda a sua extensão.

A orla de Copacabana sofreu alterações que incluíram a duplicação da avenida Atlântica e o alargamento da faixa de areia pelo método de alimentação artificial. Coube a Roberto Burle Marx, paisagista e artista plástico, a ambientação que incluiu o famoso calçadão de pedras portuguesas, marca registrada da praia.

Assim nasceu um dos maiores ícones do turismo nacional, pois Copacabana é o bairro mais conhecido do Rio de Janeiro, do Brasil e, quiçá, do mundo!…

Toda essa maquiagem na cidade – lembrar, também, o aterro do Flamengo executado antes das obras de Copacabana -, visou a exploração turística. Assim, como a cidade de Natal, o Rio de Janeiro, obtinha o grosso de sua receita mediante o turismo. O retorno financeiro decorrente do investimento é do conhecimento de todo o país.

Nos últimos anos, observamos modificações significativas nas topografias das orlas marítimas em toda a extensão do Brasil. Atribuem tais fenômenos ao aquecimento global e o consequente desmonte das geleiras dos polos. Há alguns anos, em diversas praias da costa do Rio Grande do Norte, veem-se sinais desses avanços.

A praia dos Artistas, na Praia do Meio, é um exemplo. Basta contar as vezes que já refizeram o seu calçadão por conta do avanço do mar. Areia Preta, também. A prevenção da orla de Ponta Negra é crucial e indispensável para a manutenção da principal área turística da capital.

Outras obras de engorda foram executadas em diferentes capitais litorâneas do país, com resultados satisfatórios. A de Ponta Negra não deve fugir à regra. Pelo menos um benefício eu antevejo de imediato: a eliminação da rataria que fez do enrocamento em pedras, ali existente, a sua morada.

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

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