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Com dificuldades para encontrar compradores para a maior parte dos negócios que colocou à venda, a direção da Petrobras começou a mexer em um tabu. A estatal está disposta a abrir mão do controle ou até vender empresas inteiras, e não mais participações minoritárias, como era o plano inicial. Essa disposição envolve somente áreas fora da atividade principal da companhia, que é exploração, produção e refino de petróleo. Além da mudança no formato, no mês passado a lista de ativos à venda cresceu significativamente em relação à primeira oferta, feita no início de 2015.

A intenção da estatal é se desfazer de termelétricas, usinas de biodiesel e etanol, fábricas de fertilizantes, sua transportadora de gás natural (TAG) e a fatia na petroquímica Braskem, além de operações na África, na Argentina, no Japão e nos EUA. Tudo isso porque ela precisa arrecadar pelo menos US$ 14,4 bilhões até o final do ano para reduzir sua dívida líquida, de US$ 100 bilhões, que a coloca como a petroleira mais endividada do mundo. Em 2015, a empresa somente conseguiu vender 49% da Gaspetro, colocando US$ 1,9 bilhão no caixa.

Uma das principais apostas é a venda das térmicas. No ano passado, a estatal queria se desfazer de participações minoritárias na suas 20 usinas. Como as sondagens mostraram que não haveria interessados, o plano agora é tentar vender um pacote de cinco a oito usinas, mas inteiras. A avaliação é que assim seria mais fácil atrair interessados e levantar a mesma quantia –ou até mais – do que se fossem negociados pedaços das duas dezenas de usinas.

Transpetro, BR Distribuidora, e blocos de exploração de petróleo, inclusive do pré-sal, também estão à venda. Mas a Petrobras não quer abrir mão do controle não só pela importância dessas operações como pelo impacto político. A estatal teme ser acusada de promover uma privatização parcial da companhia, algo encarado como pecado pela esquerda. Por isso, até o momento, a Petrobras procura um parceiro na BR Distribuidora, mirando abrir o capital da companhia quando o cenário econômico melhorar. Na Transpetro, ainda não existe um modelo definido para a venda, mas a tendência é buscar um sócio.

Mas a dificuldade para vender patrimônio vem, principalmente, da forte queda do preço do petróleo, que reduz a lucratividade da maior parte dos negócios da estatal. O preço do petróleo, que chegou a US$ 145 em 2008, caiu a US$ 32 na semana passada. Um outro empecilho é convencer empresas e investidores a se tornarem sócios da estatal neste momento, por causa do escândalo de corrupção dentro da empresa descoberto pela Operação Lava Jato.

Apesar da mudança de posição da diretoria, há uma enorme resistência dos funcionários e de setores do governo e do PT à venda de patrimônio da Petrobras. Essa oposição é ainda maior, quando se fala em abrir mão do controle e se desfazer de empresas.

Abaixo, o controle de quais operações a Petrobras está disposta a vender:

– Usinas termelétricas (plano é tentar vender 5 a 8 unidades inteiras, e não mais fatias em 20)

– Usinas de biodiesel e etanol

– Fábricas de fertilizantes

– Transportadora de gás natural (TAG)

– Fatia na petroquímica Braskem

– Operações na África, na Argentina, no Japão e nos EUA

E aqui as que a estatal pretende se desfazer em parte, mas mantendo o controle:

– Transpetro

– BR Distribuidora

– Blocos de exploração de petróleo, inclusive da região do pré-sal

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