RINALDO BARROS

(*) Rinaldo Barros

“O sono da razão gera monstros” (Antonio Gramsci)

Logo após o reinado de momo de 2016, serão abertas campanhas eleitorais em todos os Municípios ao longo do patropi. Não será apenas mais uma campanha eleitoral, mas o final de ciclo político.

Estamos assistindo aos primeiros clarões da alvorada de uma nova era política em terras crioulas.

Com a mundialização da economia, com o advento da crise na União Europeia, China e Estados Unidos; com a nova geopolítica internacional (o mundo multipolar), com a crise na economia verde-amarela ainda renitente, com eleições em todos os Municípios brasileiros; necessariamente, teremos uma nova realidade nas relações políticas, dentro do Brasil, em toda América Latina, em todo o planeta.

É palpável a evanescência de muitos outrora importantes movimentos sociais (como o de mulheres, por exemplo). É visível o declínio da força do sindicalismo, como conseqüência do novo padrão de acumulação do sistema e do desaparecimento de postos de trabalho e profissões, por força da automação.

Preocupa-me também a tentativa governamental de censurar ou desqualificar o papel da imprensa e da Internet, enquanto pilares da Democracia, em meio a generalizada sensação de impunidade.

É igualmente muito preocupante a despolitização das novas gerações, às voltas com um individualismo estéril, terreno fértil e perigoso para as manipulações de todos os tipos.

Nosso sistema educacional nem de longe está preparado para orientar nossa juventude nos caminhos da vida, nossos professores estão ainda em busca da compreensão acerca dessa novíssima realidade e, lamentavelmente, ainda sem o indispensável apoio conceitual.

Nossos mestres estão desarmados em pleno campo de batalha, uma loucura sem igual.

Ninguém está preparado ainda para lidar com essa novíssima realidade. Trata-se de uma série de especificidades, eivada de ambigüidades, tecendo uma rede complexa e fragmentada de novos conceitos e novos paradigmas, a qual vai se redefinindo junto a cada movimento do real, a uma velocidade alucinante.

No contexto contemporâneo, o lulodilmismo levou o País ao retrocesso político e moral ao não punir e até defender e incentivar a corrupção com o dinheiro público, ao lotear cargos técnicos com apadrinhados despreparados e mal-intencionados, ao interferir politicamente em funções do Estado, esquecendo que existem para servir ao cidadão, e não aos interesses do governo de plantão.

Ou, como diria o Frei Betto, “o PT trocou o projeto de Nação por um projeto de Poder”.

Além de não fazer nenhuma das reformas fundamentais para a modernização da nossa sociedade.

Todavia, é forçoso reconhecer os méritos dos governos (2) Lula: a economia cresceu e milhares de novos empregos foram criados, a área social ganhou impulso, e surpreendentemente o País saiu (?) da crise de 2008 antes do esperado.

No atual governo, todavia, a desigualdade social é ainda inaceitável, com o monstro da inflação acordado, o câmbio a atrapalhar as importações, os juros enriquecendo apenas os bancos; o futuro econômico do Brasil deixou de ser promissor.

E o PT governo – que ajudou a construir uma fase promissora, a partir da sábia manutenção da política econômica com base na preservação do Plano Real, criado em 1994; lamentavelmente, agora se vê afundando melancolicamente em escândalos de corrupção e incompetência. Para piorar, a crise paralisa a economia, aumenta o desemprego, aumenta a inadimplência e diminui a arrecadação; não sobra recursos para investir.

Por outro lado, é assustador o crescimento da violência urbana, ao lado do consumo endêmico de drogas e, talvez, um claro indício de que estamos adentrando na barbárie: parte da população – cansada de esperar – começa a fazer justiça com as próprias mãos, promovendo linchamentos de assaltantes.

A desaprovação do Governo Dilma (71% – setenta e um por cento), ante a iminência de ter as contas de 2014 rejeitadas pelo TCU, ao lado das denúncias de ter usado recursos públicos roubados em sua última campanha eleitoral; somadas às mentiras com que foram conquistados os votos; tudo isso somado, criou um caldo de cultura favorável ao clima de “Fora Dilma”; seja por via constitucional (impeachment) ou renúncia, seja com a superação do atual modelo institucional. Frente a esse “imbróglio” gigantesco, pergunto:

A solução desse nó se dará com a violação do Estado Democrático de Direito? Ou não?

Será mais uma pedra no quebra-cabeça da “revolução bolivariana”?

Será o início da fórmula da “pós-democracia” (superação da democracia representativa)?

Será que a frágil e jovem Democracia verde-amarela está correndo perigo de novo retrocesso?

A dedução é privilégio do caro leitor.

 (*) Rinaldo Barros é professor – [email protected]

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