PARA SENTIR GOSTINHO DE INFÂNCIA SEMPRE –

Recentemente participei de evento, cuja plateia era formada por adultos influentes em diversas áreas que fomentam o desenvolvimento do estado, para minha surpresa, a maioria, apresentava cenho franzido e sorriso escasso, preocupados em como manter vivos os impérios que representavam.

Algumas horas após, estive na escola frequentada por meus netinhos, para na turma de um deles, falar sobre brincadeiras dos meus tempos de inocência.

Na mesma noite, comparando os dois momentos, confesso senti-me mais feliz e realizado no segundo ambiente, onde a suavidade do sorriso, dominava a plateia que a todo instante me tratava como vovô Rock, fortalecendo com tais gestos, a certeza de que os adultos, apesar de serem detentores da experiência, porém a grande verdade, é que as crianças têm muito a lhes ensinar sobre a vida.

Lembro haver lutado contra o tempo para não crescer, mas não teve jeito, sendo a única alternativa guardar os brinquedos que mais gostava em certo baú, onde ficaram velhos mas nunca esquecidos, pois jamais autorizei a poeira tomar conta das minhas memorias, e hoje em algumas ocasiões, lembranças boas transbordam mim.

Ao término da primeira reunião, todos já discutiam o porvir, problemas que os esperavam e possíveis soluções a serem tomadas, alguns até pronunciavam frases falsamente sabias compiladas da internet, mesmo com semblante sério e forçadamente responsável, esquecendo que na vida, todos devemos ser um pouco criança para sonhar, adolescente pra arriscar, adulto para colocar os pés no chão e maduros o suficiente para dosar tais ingredientes.

No encontro com os amigos de minha neta, com eles ratifiquei a importância de aproveitar o momento presente, pois os mesmos não se preocupavam com o passado ou o futuro, não precisavam de muito para se divertir e alegrar.

Posso dizer ser a infância boa, aquela possuidora de gosto e cheiro, fazendo brotar saudade só de lembrar dos quitutes preparados pela avó, mãe ou tia, já dando água na boca. É como se os tombos, ralados e braços quebrados, não tivessem doído tanto assim, e valessem a pena serem revividos, se fosse possível retornar no tempo e refazer aqueles dias. Até mesmo no meu caso que fraturei todos os dedos das mãos, um pé, as duas pernas de uma só vez, e novamente uma perna, mas que ao final tudo deu certo.

Sinto-me realizado em companhia dos meus netos, pelos quais guardo enorme fascínio por suas singularidades, havendo tatuado seus nomes nas costas, ficando feliz quando vejo-os correndo nas calçadas, brincando com água do jardim, sujando a roupa na lama, e aprendendo a divertir-se, fatos que me levam a amá-los fortemente.

Cada vez mais entendo, como foi importante nunca haver privado minhas filhas, de saborear os melhores momentos da vida, com medo das consequências e dos machucados, jamais tentando segurá-las a qualquer preço, ao contrário, sempre as incentivando a criar suas próprias histórias, e lhes oferecendo exemplos, dando-lhes liberdade para viverem intensamente!

Doze de outubro, data para soltar a imaginação, correr pelo mundo dos sonhos e ser feliz sem limites! Feliz Dia das Crianças, pequenos sonhadores! E que até nos próprios, os adultos, possamos sentir esse gostinho de infância sempre!

 

 

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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