OS DOIS BRASIS –

Hoje eu abro espaço neste meu pedaço para falar do professor gaúcho, Leandro Karnal, 59, pensador, frasista e, também, um dos mais requisitados palestrantes brasileiros da atualidade. Ensinando há mais de 30 anos em escolas públicas e privadas, cursinhos pré-vestibulares e diversas universidades, Leandro reafirma sempre em suas frases a importância de o professor ajudar o aluno a pensar, e estimular as pessoas a exercitar suas opiniões a partir de pensamentos contraditórios.

Eis algumas de suas frases marcantes:

“Informação não é formação. Houve uma capilarização do conhecimento, não houve um aumento da compreensão… e as escolas ainda são arcaicas, elas ainda acham que o importante é a transmissão do conhecimento, quando, na verdade, o desafio hoje é a retenção e a formação do conhecimento.”

“O que eu penso não muda nada além do meu pensamento. O que eu faço a partir disso muda tudo!”

“Pessoas elevadas falam de ideias; pessoas medianas falam de fatos; pessoas vulgares falam de pessoas.”

“Ser louco é a única possibilidade de ser sadio nesse mundo doente.”

“Quem respeita o governador e não respeita a faxineira não é um líder, e sim um interesseiro.”

Porém, o texto perfeito sobre a atualidade do nosso país ele externou numa de suas palestras concorridas, e o intitulou de Dois Brasis. Vale a pena perder alguns minutos e ler a profundidade e a verdade contida em suas palavras:

“Existem dois Brasis, ao menos, o primeiro é o Brasil que está nos jornais dos nossos dirigentes. Eles conspiram, eles cavilam, eles articulam sedições, violam as leis, traem uns aos outros e aos eleitores também. Insultam-se e todos com razão, vivem para o poder dos cargos e das verbas, esse é o Brasil podre, carcomido, uma massa de bolor, de ácaros, corrupção.

Eles rastejam com seu ventre na poeira do solo de Brasília, maldição do livro do Gênesis para todas as serpentes traiçoeiras. Esse primeiro é o Brasil de zumbis devoradores de trabalho, de impostos. Existe um outro Brasil, ele é jovem e dinâmico, que enfrentam filas enormes, para ouvir ideias no início de inverno, debatem um futuro mais transparente e com vida.

Esse segundo Brasil me emociona muito, essas pessoas ouvem, pensam, respondem, perguntam, aplaudem, criticam, refletem, ensinam pelo silêncio, ensinam pelos olhos vivos, são todos jovens, alguns com 70 anos, outros com 16. São o sangue que faz bater o coração da Terra de Santa Cruz.

O primeiro Brasil tem poder, mas não é feliz. O segundo Brasil não sabe ainda da extensão do seu poder, mas é alegre. Na escuridão da crise em que vivemos, cada um que ouvi, hoje, aqui, é uma vela forte e decidida, luminosa, com luz própria. Obrigado a vocês deste outro Brasil. Hoje, um velho professor termina o dia emocionado, por ter aprendido, mais uma vez, que este é o Brasil do futuro, e o futuro é de quem ama. Obrigado.”

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro Civil

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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