OS DIAS DE JULHO –

Julho foi um mês de datas comemorativas dedicadas a diferentes segmentos profissionais, eventos e até parentes e sentimentos. Tivemos os dias do Hospital, do Engenheiro Florestal, do Rock, do Homem, do Futebol, da Chegada à Lua, do Escritor, do Agricultor, do Bombeiro e da Morte de Lampião. Dois desses dias, no entanto, são especiais para mim: o dos Avós (26) e dos Amigos e da Amizade (20 e 30). No Brasil, em Portugal e em Espanha, o Dia dos Avós é comemorado a 26 de julho, data esta escolhida por referência à comemoração do dia de Santa Ana e São Joaquim, que, segundo a tradição da Igreja Católica e evangelhos apócrifos seriam pais de Maria e, portanto, avós de Jesus Cristo.

Eu, que já cultuei na infância os meus avós no dia deles, estou sendo agora referenciado pelos meus netos. Pode quem quiser achar piegas tais arroubos espontâneos de afeição da molecada, mas, que é gratificante não tenham dúvidas que é. Ser avó, embora digam que é ser pai duas vezes, no fundo é bem diferente do pai. Isso porque os pais cobram, enquanto os avós condescendem; os pais castigam, os avós relevam; os pais negam, os avós concedem. No casal, a avó se sobressai de longe nas homenagens quando os netos se esmeram nas  mensagens de carinho a ela dedicadas.

No que tange a amigos e amizades, Dona Laura, minha falecida mãe, sempre nos alertava dizendo: Lembrem-se, os verdadeiros amigos são seus pais e irmãos! Entende-se o cuidado de todos os pais quanto a decepções de filhos no círculo de suas amizades, porém, não se pode generalizar a falta de nobreza nesse sentimento.

Assim como ocorrem decepções, existem também amizades verdadeiras fora do âmbito familiar. Eu ainda cultivo amizades do meu tempo de moleque de calças curtas, na rua Mossoró, no Tirol, em Natal. De idêntica forma, admiro a beleza das amizades consistentes dos meus filhos desde a época do aprendizado das primeiras letras.

O poder da amizade é algo inexplicável. Principalmente, em momentos difíceis de nossa existência, quando aquele velho amigo de nós se aproxima, espontaneamente, e nos diz tudo aquilo que outras pessoas não teriam a coragem de dizer sempre pensando no nosso melhor.

Li, em algum lugar, que ter laços fortes de amizade aumenta nossa vida em até 10 anos e previne uma série de doenças. Pessoas com mais de 70 anos tem 22% mais chance de chegar aos 80 se mantiverem relações de amizades fortes e ativas – e ter amigos ajuda mais nisso do que ter contato com familiares.

Uma amizade não são só palavras e sim gestos! Daí existir amigos e amigos. São poucos os verdadeiros, aqueles que compartilham dos bons e maus momentos. Amigos que estão em nossas vidas para absolutamente tudo: rir, chorar, dar conselhos, dizer a verdade, perdoar, dividir histórias e viver loucuras.

Entre amigos deixamos a sisudez de lado e voltamos a ser crianças. Sorrimos de tudo e de nada. Em rodas de amigos dos meus tempos de faculdade ainda me impressiona o clima de descontração quando contamos as mesmas histórias de sempre e nos divertimos com se os acontecimentos tivessem ocorridos no dia anterior. Para um observador distante assistir a euforia emanada de reuniões de velhos amigos é algo impagável. Em suma, a verdade é que uma vida sem amigos seria uma chatice.

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil

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