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Adauto José de Carvalho Filho

 

O povo voltou às ruas.

A indignação contra a corrupção foi o grande recado. O povo está fazendo sua parte.

E onde estão os líderes?

O Brasil passa por crises morais e de identidade. O crime virou pedra de rebolo que os que se dizem líderes disparam sem a menor intenção de atingir ninguém?

Onde estão Aécio, Dilma, Lula, Temer, Calheiros, Cunha e outros mequetrefes que ficam posando de corretamente político durante os momentos de promoção nas emissoras de televisão, na frente de microfones dos demais meios de comunicação e dizendo as frases sem sentido de sempre.

Prezados líderes, vocês existem?

Então tenham dignidade e apareçam para a sociedade e exponham suas posições e deixem de se acusarem feitos moleques de rua.

Os envolvidos no petrolão cometeram crime? A presidente é responsável? Lula é corrupto?, Aécio tem o rabo sujo?, Temer é vampiro?, e esse tal de Cunha, que se acha (no Nordeste teria que ser cunhão) está no cume do poder para desempenhar qual papel?

Aécio Neves se retrai da presença nos movimentos, como se não fosse oposição e brasileiro, e, dia seguinte, preenche os espaços possíveis na mídia. Seria mais um midiático ou mais um dos que mergulham na mediocridade para não ficar no olho do furação. Dilma, nem tic, nem tac. O silêncio, para quem não sabe falar, talvez seja uma sábia decisão. Lula passeando de jatinhos, Temer, o enigma e o tal de Cunha, que se acha a última bolacha do pacote, fazendo e dizendo asneiras.

“Se o povo for para as ruas e os movimentos forem significativos, eu coloco o impeachment de Dilma em pauta”, afirmou o mancebo.

Aí está minha indignação. Como é que o Presidente da Câmara dos Deputados, um dos mais fortes dos poderes republicanos, diz uma asneira dessas. Provocar o impeachment de um Presidente deve ser respaldado dentro da legalidade, não da pressão popular. Um presidente do parlamento, que se diz especialista no regulamento interno da casa que comanda, não tem a capacidade e a estatura de autoridade para encabeçar um movimento de impeachment? O Brasil vive um estado Democrático de Direito ou um circo onde palhaços sorriem e se declinam para os aplausos.

Não quero defender nem colocar sal nas costas de Dilma, mas na mediocridade do Cuinha, que não sabe suas prerrogativas e se as sabe, prefere se abestar e se esconder atrás das multidões. “Uma multidão enfurecida é a voz da loucura”, já nos ensinava John Kennedy e, em um país onde a consciência política é nula como o Brasil, a começar pelo presidente da Câmara dos Deputados, as reações são passionais.

O povo cumpriu o seu papel. Não importa o nível de consciência social, mas os nossos líderes mostraram a nulidade que são e o medo de serem pegos na semana seguinte em novo ou velho escândalo.

Um homem que, com o país em crise, aprova (e desaprova) uma lei que estende passagens aéreas para as esposas dos parlamentares e quadruplica o valor do fundo partidário, para compensar a perda dos caixas 2, mostra quem é e a total ausência de substância. Na verdade Cunha é mais um politiqueiro que só vê o próprio umbigo e virou astro em um parlamento onde as conveniências são as únicas regras. A Constituição do País ou a regularidade fiscal se alteram como se alteram os humores dos P e o medo da Presidente.

Nordestinamente, o que está faltando no Brasil é um “cunhão” e roxo. Cara de abestado por cara de abestado eu prefiro os palhaços profissionais.

A pergunta continua: Onde estão os nossos líderes? Escondidos em seus uniformes de camuflagem e esperando um momento que seja para aparecer. Se o nosso povo tem pouca consciência política é a sinonímia dos nossos líderes e para os que defendem ou atacam alguns dos P, relembremos Herculano, na Roma antiga, que já nos ensinava que governar é construir estradas e não deixar pistas para a hora da fuga.

Uma dúvida se faz!

Herculano pensou o futuro com milênios de antecedência ou nossos líderes ainda não chegaram ao nível dos líderes da Roma antiga. Acho que essa resposta caberá a cada leitor.

É dureza.

Para complicar, Mel Brooks, cineasta americano, em sua verve artística, já gozava as autoridades de então: se os governantes não fazem com suas mulheres, fazem com a sociedade.

Será que esse cara era brasileiro?

Adauto José de Carvalho Filho, Auditor-Fiscal da Receita Federal aposentado, Bacharel em Direito, Contabilista, Pedagogo, Escritor e poeta).

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