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O TRABALHO ENGRANDECE O HOMEM –

Tenho acompanhado com preocupação o grande número desempregados e, principalmente, o quanto tem atingido, de forma dolorida, aqueles que estão a um passo do início de sua vida laboral. Some-se a isso a quantidade de jovens que são despejados pelas universidades e faculdades, semestralmente, com diplomas nas mais diversas áreas e, de forma concentrada, naquelas especialidades que outrora agregavam opção imediata de mercado, como engenharia, medicina e direito.

Graduação em volume são gritantes nas estatísticas, que medem exclusivamente o quanto uma escola superior atinge em números. No tocante a qualificação é notório que acontece em gotas, apesar do avanço tecnológico e de informações, que nos dias atuais batem às portas, para o jovem universitário ir em busca de melhorar o conhecimento sobre o domínio do seu ofício.

Um país que derrama graduados e que não cria oportunidade de aproveitamento dessa qualificação nos segmentos profissionais da indústria, comércio e serviços, gera uma massa frustrada que distribui centenas de currículos, inclusive fora de suas áreas de formação, para garimpar uma oportunidade profissional. Converse com qualquer jovem nessa situação e escute qual sua resposta.

E aí vem um novo termo: Desalento.

Desalento é sinônimo de: amortecido, deprimido, desanimado, descorçoado, esmorecido, tristura.

Tome qualquer sinônimo desse e compare com qualquer jovem “distribuidor de currículos” que você conhece e tente, além de dizer que ele continue buscando, fazer-se ouvir o que o constrange em ser um “profissional” que não produz por mera falta de esperança que “as coisas” melhorem.

Você tem um filho nessas condições? Um primo? Um afilhado? Ah! Seu irmão? Pois bem, eu também tenho, meu vizinho também tem, o colega do trabalho também.

No fim de 2018, mais de 1,8 milhão de jovem estavam nessa condição: Desistir de buscar emprego. Número esse que triplicou a partir de 2014.

E sabe até que faixa etária isso acontece? Até 24 anos. Surpreso?

Não é tanto assim. “Meu sobrinho é terceirizado e tem uma promessa que quando passar a crise poderá ser aproveitado na empresa”.

O aumento excessivo de jovens brasileiros desalentados é um sinal preocupante, pois essa adjetivação não estaria em moda se a economia estivesse em uma situação promissora.

Compare: Enquanto a desocupação total de trabalhadores está em 12% atualmente, a de jovens é de 28%.

E aí entra outro componente: A falta de experiência. “Sim, seu currículo é bom, mas você não tem experiência”. O jovem fica num círculo vicioso e intrigante.

O que tem acontecido é que a crise infinda tem fragilizado cada vez a expectativa de entrar para o mercado. E aí estão além dos jovens, os pais e mães de famílias que viram seus vínculos se diluírem e

suas rendas sumirem, entrando em desespero de subsistência.

Os compromissos financeiros das famílias foram sendo deixados de lado e o desespero tomou conta da sua dignidade.

Como honrar as dívidas básicas de água, luz, aluguel, alimentação, saúde, educação (nem falar).

Essa situação, para parte dos jovens desalentados que não tendo uma base formadora de princípios morais, porém atrelados aos apelos do consumismo e, de suprir a carência financeira familiar, possibilita-se a abertura de uma porta danosa e perigosa: ser coabitado para práticas ilícitas.

Claro que não são a maioria dos jovens que se submetem a isso, mas a vulnerabilidade de alguns os tornam frágeis e ao mesmo tempo sujeitos aos efeitos da delinquência.

Os oportunistas estão atentos e ao menor sinal de fraqueza engrossam as fileiras dos desviados dos princípios morais.

Falta de oportunidades? Sim.

Ah, mais tem os que não querem nada mesmo. Não tenho a verdade, mas de uma coisa eu sei: O trabalho engrandece o homem.

Espero que o nosso país encontre o retomada do progresso em todos os segmentos produtivos, e que os empregos verdadeiramente voltem a trazer dignidade para as nossas famílias.

Jovens, por favor não desistam.

 

 

 

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil, escritor e Membro da Academia Macaibense de Letras ([email protected])

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

 

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